Secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco destaca projetos e fala sobre planos para 2025
Em entrevista à Folha de Pernambuco, o secretário Guilherme Cavalcanti abordou temas atuais que cercam a economia do Estado, como o Arco Metropolitano, a retomada da indústria naval, a Transnordestina e a reforma tributária
Quais as prioridades da secretaria para o ano de 2025?
Nosso foco agora é preparar o Porto de Suape para receber navios cada vez mais de maior porte e, assim, suprir a capacidade que será demandada pelo aumento da Refinaria e pela retomada da indústria naval. Vamos consolidar o Porto do Recife como o principal supridor do Polo Cervejeiro e expandir a rede da Copergás. Na atração de investimentos, mapeamos e vamos focar nos elos das cadeias que têm maior competitividade para estar em Pernambuco. Daremos foco na atração dos sistemistas da Stellantis para consolidar ainda mais o polo automotivo de Goiana. Estamos desenvolvendo o primeiro plano estratégico para o desenvolvimento do setor de serviços.
Entre os projetos desenvolvidos no âmbito econômico nos primeiros dois anos do governo Raquel Lyra, quais o senhor destacaria?
O programa de Justiça Fiscal, que vem mudando a relação entre a Fazenda estadual e o setor produtivo, foi um passo gigante para a retomada da confiança dos investidores. Destaco também os investimentos em estradas, num total de R$ 5,1 bilhões. Em Suape, realizamos a dragagem do canal externo e estamos fazendo a recuperação do molhe de proteção e a dragagem do canal interno. A chegada do gás da Copergás no Polo Gesseiro do Araripe leva a solução de um problema histórico. Importante destacar também duas grandes vitórias políticas da governadora Raquel Lyra: a retomada do compromisso do Governo Federal de investir na Transnordestina e a manutenção do Regime Automotivo do Nordeste.
Qual é o impacto da implementação do Arco Metropolitano para o Porto de Suape e para o desenvolvimento do Estado e como está o andamento dos projetos?
O Arco Metropolitano tem os recursos assegurados pelo Governo do Estado e projetos executivos do trecho Sul já preparados para licitação, pendente apenas de anuência da União para os pontos de intersecção com as BRs 101-Sul, 232 e 408. O Arco tem a capacidade de transformar a competitividade de Pernambuco, retomando nossa vocação de centro logístico do Nordeste. Estamos diante de uma obra que tem hoje o mesmo potencial transformador que o Porto de Suape teve há 50 anos quando foi idealizado.
Qual a expectativa do Governo de Pernambuco diante da promessa de retomada da indústria naval brasileira?
Estamos trabalhando junto aos dois estaleiros de Pernambuco para construir as condições de participação da indústria naval do nosso Estado nesse novo ciclo de oportunidades no Brasil. Temos interagido com as frentes parlamentares de defesa da indústria naval, tanto a federal quanto a estadual. E temos o empenho direto da nossa governadora Raquel Lyra na articulação junto aos entes federais que impactarão os rumos desta nova onda de encomendas da Transpetro e da Petrobras.
Como Pernambuco vai se posicionar diante da determinação do Governo Federal de destinar o orçamento do FDNE dos próximos anos apenas para o projeto da Transnordestina que vai até Pecém?
O Brasil todo deveria se escandalizar. Além de representar um desequilíbrio importante no nosso pacto federativo, essa decisão premia a incompetência e o descumprimento contratual contumaz da empresa TLSA e da sua controladora CSN. O sucateamento da malha Nordeste já deveria dar causa à caducidade desta concessão e as salvaguardas impostas pelo TCU na década passada deveriam prevalecer para proteger os recursos públicos. Contudo, apenas a governadora Raquel Lyra pode se pronunciar e ela o fará tão logo tenha esclarecido todos os elementos desse caso.
O ramal Salgueiro-Suape poderá ser viabilizado pelo próprio Governo Federal ou a expectativa é conseguir a entrada da iniciativa privada?
Estamos trabalhando com o Ministério de Infraestrutura e a Infra S/A para retomar o quanto antes a obra do trecho Salgueiro-Suape com recursos da União. Mas, em paralelo, estamos desenhando com eles um novo modelo de concessão ou chamamento público que viabilize a entrada de outro investidor privado. Pernambuco tem estudado as alternativas e investido na inteligência de mercado que pode viabilizar a decisão de investimento de um novo ator da iniciativa privada.
Com a reforma tributária, quais as ferramentas que o Estado pretende lançar mão para captar investimentos?
Pernambuco tem uma vantagem do ponto de vista logístico, de infraestrutura e de capital humano, além do grau de maturidade e solidez da nossa economia. Nós devemos explorar essas vantagens e seguir investindo para ampliar nossa distância com referência a concorrentes na região. Mas só teremos, de fato, uma estratégia quando soubermos como funcionará o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional e quando houver um consenso nacional sobre como equilibrar diferenças regionais.