LUTO

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

Ambulância teria demorado para prestar socorro ao artista, que sofreu uma queda em sua casa, em São Paulo

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos - Divulgação

Morreu nesta segunda-feira (4), aos 86 anos, o cantor Agnaldo Rayol. Segundo informações preliminares, ele teria sofrido uma queda em sua casa, no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo.

Segundo a CNN, o artista estava acompanhado de um cuidador da família no momento do acidente e estava lúcido quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado. Ele foi levado ao Hospital HSanp, também no bairro de Santana, com um corte na cabeça. Ainda segundo a publicação, a ambulância teria demorado pra chegar na casa do artista.

Carreira musical
Agnaldo Rayol começou muito cedo na música. Aos 5 anos, já cantava na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Mas foi adulto que ele ganhou projeção, a partir do fim dos anos 1950. Era dono de uma voz barítono, potente, de estilo operístico. Gravou seu primeiro disco, "Agnaldo Rayol", em 1958, pela gravadora Copacabana.

Agnaldo gravou cerca de 30 álbuns, entre LPs e CDs. Um deles foi "As minhas preferidas — na voz de Agnaldo Rayol - presidente Costa e Silva", em 1968, com as canções favoritas do segundo presidente da ditadura militar.

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Em 1999, virou novamente sensação ao cantar o tema de abertura da novela da TV Globo "Terra nostra", de Benedito Ruy Barbosa. Juntamente com a cantora Charlotte Church, uma soprano inglesa que, na época, tinha apenas 13 anos e milhões de discos vendidos, ele entoou, em italiano, os versos de "Tormento D'Amore".

A canção foi composta por Marcelo Barbosa, filho do autor da novela. O sucesso da música foi tanto que ele lançou, no fim do mesmo ano, um álbum só interpretando músicas em italiano.

Confira aqui a faixa "Tormento D'Amore"

Versatilidade
Além de sua expressividade musical, também ficou conhecido no audiovisual. Sua carreira no cinema começou na famosa produtora Atlântida, em 1949, no filme "Também somos irmãos", que tinha Grande Otelo no elenco e direção de José Carlos Burle. O filme é considerado um dos marcos inaugurais da discussão do racismo no cinema brasileiro.

Na história, um homem que não pode ter filhos adota duas crianças brancas e duas negras. À medida que elas vão crescendo, as dificuldades sociais impostas aos negros vão se acentuando.

Agnaldo Rayol como Hélio, em "Também Somos Irmãos" (1949). Foto: Divulgação

Depois, foram uma sequência de longas, muitos deles se apresentando em números musiciais, como em "Garota enxuta" (1959) e "Jeca tatu" (1959). Em 1969, já ostentando o status de galã, ele protagonizou "Agnaldo: perigo à vista".

Concomitantemente ao sucesso no cinema e na música, Agnaldo tinha uma carreira de sucesso na TV. Em 1966, foi contratado pela Record e começou a apresentar o humorístico "Corte-Rayol Show", ao lado de Renato Corte Real. Foi protagonista de novelas como "A última testemunha", "As pupilas do senhor reitor", "Os deuses estão mortos" e "Sol Amarelo". Ele também foi apresentador do "Agnaldo Rayol Show".