Saiba quem foi Agnaldo Rayol, galã dos anos 1960 e 1970 do audiovisual brasileiro
Cantor e ator, ele esteve em filmes da Atlântida, inclusive num dos marcos inaugurais da discussão sobre o racismo no cinema
Agnaldo Rayol, que morreu nesta segunda-feira aos 86 anos, em São Paulo, era conhecido nacionalmente por sua carreira de cantor, mas, nos anos 1960 e 1970, o jovem rapaz foi também um astro do audiovisual.
A carreira de ator de cinema começou na famosa produtora Atlântida, em 1949, no filme "Também somos irmãos", que tinha Grande Otelo no elenco e direção de José Carlos Burle.
O filme é considerado um dos marcos inaugurais da discussão do racismo no cinema brasileiro. Na história, um homem que não pode ter filhos adota duas crianças brancas e duas negras. À medida que elas vão crescendo, as dificuldades sociais impostas aos negros vão se acentuando.
Depois, foram uma sequência de longas, muitos deles se apresentando em números musiciais, como em "Garota enxuta" (1959) e "Jeca tatu" (1959). Em 1969, já ostentando o status de galã, ele protagonizou "Agnaldo: perigo à vista".
Concomitantemente ao sucesso no cinema e na música, Agnaldo tinha uma carreira de sucesso na TV. Em 1966, foi contratado pela Record e começou a apresentar o humorístico "Corte-Rayol Show", ao lado de Renato Corte Real. Foi protagonista de novelas como "A última testemunha", "As pupilas do senhor reitor", "Os deuses estão mortos" e "Sol Amarelo". Ele também foi apresentador do "Agnaldo Rayol Show".
''Terra Nostra''
Em 1999, ele virou novamente sensação ao cantar o tema de abertura da novela "Terra nostra", de Benedito Ruy Barbosa. Juntamente com a cantora Charlotte Church, uma soprano inglesa que, na época, tinha apenas 13 anos e milhões de discos vendidos, ele entoou, em italiano, os versos de "Tormento D'Amore". A canção foi composta por Marcelo Barbosa, filho do autor da novela.
O sucesso da música foi tanto que ele lançou, no fim do mesmo ano, um álbum só interpretando músicas em italiano.
"Minha mãe é italiana e cresci ouvindo essas canções", disse ele ao GLOBO em 1999. "Na primeira vez em que me apresentei ao vivo, na rádio Nacional, foi cantando 'Matinatta'".