Espanha se prepara para a conta astronômica das inundações
As inundações de julho de 2021 que afetaram Alemanha, Bélgica, França, Áustria e Países Baixos, tiveram um custo de 43 bilhões de dólares
O custo das inundações que devastaram o sudeste da Espanha promete ser astronômico, mas ainda é complicado calcular o valor devido à magnitude dos danos, um desafio para o Estado e as seguradoras.
A água e lama que atingiram principalmente a região de Valência deixaram um rastro de edifícios destruídos, milhares de automóveis empilhados nas estradas, pontes e ferrovias que devem ser reconstruídas e muitas empresas em ruínas, em particular no setor agrícola.
"Vamos enfrentar o sinistro mais importante por eventos climáticos que já sofremos na Espanha", disse Mirenchu del Valle, presidente da federação de seguradoras Unespa.
"Ainda é cedo para fazer estimativas, mas sabemos que, em termos econômicos, certamente terá um custo elevadíssimo", afirmou Celedonio Villamayor, diretor do organismo responsável por pagar indenizações em caso de desastre natural, o CCS.
As inundações de julho de 2021 que afetaram Alemanha, Bélgica, França, Áustria e Países Baixos, com um balanço de mais de 200 mortos, tiveram um custo de 43 bilhões de dólares (249 bilhões de reais na cotação atual), segundo a resseguradora Swiss Re.
"Consequências incalculáveis"
Independente do custo final, as inundações, que deixaram pelo menos 219 mortos, pesarão sobre as finanças da Espanha, embora o país já tenha anunciado que irá recorrer ao Fundo de Solidariedade europeu, que pode ser acionado no caso de catástrofes naturais na União Europeia.
O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça-feira um plano de 10,6 bilhões de dólares (cerca de R$ 67 bilhões), que inclui auxílios diretos e benefícios fiscais para empresas e particulares afetados.
O governo regional já anunciou uma ajuda de emergência de 250 milhões de euros (270 milhões de dólares, 1,56 bilhão de reais), isenções fiscais e compensações para as empresas.
Ao lado do governo central, as autoridades financiarão os custos das operações de limpeza e das obras de reconstrução.
As autoridades calculam "investimentos necessários" para restaurar a rede de transporte em 2,6 bilhões de euros (2,83 bilhões de dólares, R$ 16 bilhões), uma avaliação ainda "provisória".
Mas a maior parte da conta será enviada ao setor de seguros, que precisará indenizar empresas e cidadãos.
Segundo uma estimativa inicial da Câmara de Comércio de Valência, 4.500 estabelecimentos comerciais de rua podem ter sido afetados. Áreas industriais também foram atingidas e as empresas de transporte da região perderam vários caminhões.
No setor rural, os danos também são enormes, em particular para os produtos cítricos, dos quais a região de Valência é uma das principais exportadoras. O sindicato agrícola regional 'La Unión' calcula que 50.000 hectares de plantações foram afetados.
As perdas são "catastróficas" e suas "consequências incalculáveis", destacou o sindicato Asaja.
Juntando todos os setores, o impacto poderá ultrapassar os “10 bilhões de euros” (R$ 63,1 bilhões), alertou o presidente da Câmara do Comércio de Valência, José Vicente Morata.
400 peritos em atividade
O ministro da Economia, Carlos Cuerpo, anunciou que "400 peritos" avaliam os danos na região. Ele também informou que o governo recebeu 72.000 pedidos de indenizações, um nível sem precedentes.
As seguradoras na Espanha têm, em caso de catástrofe natural, um fundo de garantia comum, financiado com parte das apólices de seguro convencionais.
Este fundo é administrado pela CCS, vinculada ao Ministério da Economia, a entidade que cobrirá a maior parte das indenizações.
Fontes do setor garantiram que o sistema tem reservas suficientes para pagar os custos.