PSD e União declara apoio a Hugo Mota em negociação por espaço na Mesa Diretora da Câmara
Antonio Brito disse que vai dialogar com Lira, mas mantém candidatura, por enquanto
O PSD e o União Brasil resistem a declarar apoio a Hugo Motta (Republicano-PB) para a sucessão à presidência da Câmara dos Deputados. Os candidatos de ambos os partidos, Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), declararam que ainda estão na disputa.
Hugo Motta tem costurado um possível acordo com as legendas para garantir um lugar para ambas na Mesa Diretora, em troca da desistência dos candidatos. O líder do Republicanos se reuniu com o União Brasil nesta terça-feira, mas não houve acordo. Motta deve se reunir nos próximos dias com o PSD.
Antonio Brito disse que sua candidatura está mantida pela bancada, mas que foi autorizado a articular com o presidente Arthur Lira (PP-AL) uma possível desistência. Hugo Motta é indicado do presidente da Casa.
O líder defende que o diálogo precisaria considerar o número de deputados do partido. O que, de acordo com ele, daria direito a ao menos a primeira suplência da Mesa Diretora.
"A posição da bancada foi manter a candidatura. Eu ponderei que, se nós dialogarmos com Lira, e o candidato do Lira, Hugo Motta, a fim de manter a proporcionalidade (da Mesa), vamos voltar o dialogar com a bancada, mas neste momento é manter a candidatura."
Outros deputados do partido, no entanto, afirmam que a negociação deveria começar pela vice-presidência, que hoje está prometida ao PL.
Interlocutores de Motta consideram que é impossível rever o acordo para dar a vice ao PL. Eles dizem que, caso o PSD tivesse o cargo, isso desrespeitaria a proporcionalidade pelo fato de ter bem menos deputados que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar disso, aliados do deputado do Republicanos viram com bons olhos a declaração de Brito, pois pela primeira vez ele admitiu publicamente que pode dialogar com Motta o preenchimento dos cargos que devem caber ao partido.
Os deputados do PSD ainda apresentaram um documento em que demonstram o compromisso de reconduzir brito para a liderança da bancada, cargo que já ocupa. De acordo com eles, isso demonstraria a força do líder. Ao mesmo tempo, porém, a carta pode ser encarada como uma garantia de que Antonio Brito terá garantida a liderança, mesmo de desistir da candidatura, ou se perder.
Mágoa com o governo
Integrantes do PSD não escondem a mágoa que estão do governo e do PT, pelo partido ter apoiado Hugo Motta rapidamente, sem antes dialogar com Antonio Brito. Os deputados afirmam que a atitude foi tomada pensando apenas no espaço político que o PT queria garantir, sem uma iniciativa do governo para liderar a articulação por um candidato próprio.
"Pesou muito a posição do governo de apoiar Hugo Motta. Isso pesou porque o PSD é da base do governo e tem as tratativas com o PT de lealdade ", disse Brito.
De acordo com petistas, o governo não poderia arriscar ficar de fora do acordo costurado por Lira, ir para a disputa e perder a eleição. Eles argumentam que estar do lado errado pode comprometer as pautas do governo nos últimos anos do mandato de Lula.
Elmar Nascimento evitou falar sobre a desistência da candidatura e, perguntado se o União Brasil tomou alguma decisão sobre apoio à Motta, ele disse que não.
"Não (sobre o União Brasil ter decidido qual será a posição na disputa). Não tem nenhuma candidatura registrada. Não posso desistir do que não sou."