Caso Anic: Justiça decreta quebra de sigilo telefônico e telemático de marido da vítima
Medida foi tomada para apurar denúncia de assassino confesso, Lourival Fática
O juízo da 2ª Vara Criminal de Petrópolis atendeu pedido da Promotoria de Investigação Penal da comarca do município e determinou, no último 3 de outubro, a quebra de sigilos telemático e telefônico de Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos. Ele é casado com a advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55.
A vítima desapareceu no dia 29 de fevereiro de 2024, e foi encontrada morta e concretada em pé, na sapata da garagem de uma casa, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio, no dia 25 de setembro. A medida judicial foi decretada para apurar denúncia do técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, assassino confesso de Anic.
Ao confessar o crime no dia 25 de setembro, na 2ª Vara Criminal de Petrópolis, ele afirmou que o mandante do assassinato seria o marido de Anic e detalhou ainda que o corpo da vítima estava escondido e concretado na garagem da casa onde morava, em Teresópolis. Horas depois, a polícia localizou o cadáver no local.
Segundo a defesa do técnico de informática, ele também escreveu uma carta no Complexo de Gericinó, onde está preso desde março de 2024, apontando Benjamim como sendo a pessoa que supostamente encomendou o crime. Além da quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos, a Justiça determinou ainda a quebra de sigilo de dados referente ao conteúdo da memória de câmeras da casa de Benjamim, que segundo a versão do assassino, teriam flagrado conversas sobre a execução do assassinato.
Em setembro, quando a defesa de Lourival divulgou que o técnico de informática escreveu uma carta, apontado Benjamin como suposto mandante da morte de Anic, os advogados da família da vítima classificaram a acusação como um ato de desespero e crueldade. Eles também afirmaram por uma nota que Lourival e seus procuradores seriam demandados na esfera cível, criminal e disciplinar.
Procurada para falar sobre o assunto, a Polícia Civil informou que a investigação está sob sigilo e que até agora as provas colhidas não confirmaram a versão da defesa de Lourival. Abaixo, a íntegra do documento:
"A investigação está sob sigilo. O relatório foi enviado à Justiça e retornou para cumprimento de diligências solicitadas pelo Ministério Público a fim de apurar nova versão apresentada pelo réu. Até o momento, as provas colhidas não confirmam a versão da defesa."
A estudante de Psicologia foi vista com vida pela última vez, no fim da manhã do dia 29 de fevereiro, quando saiu a pé de um shopping, no Centro de Petrópolis. Lourival Fatica confessou que, na ocasião, a vítima entrou em um carro dirigido por ele. O casal foi até um motel, em Itaipava. Uma hora depois, ele deu um soco na traqueia de Anic.
Ainda segundo o relato do acusado, ela caiu no chão sangrando pela boca. Ele a colocou de bruços numa cama, e então foi até a garagem do motel, onde pegou na mala do carro, um fitilho plástico usado para lacrar embalagens. Em seguida, apertou o pescoço da advogada para supostamente tentar estancar o sangramento. Já segundo o laudo cadavérico, Anic foi morta asfixia mecânica.
Na noite do dia 29 fevereiro, Benjamim Cordeiro Herdy, marido da vítima, recebeu mensagens em seu telefone alegando que sua mulher estava em poder de uma pessoa. O texto exigia R$4,6 milhões para que ela fosse libertada. O resgate foi totalmente quitado no dia 11 de março, mas Anic nunca voltou para casa. O caso foi registrado na 105ªDP (Petrópolis), no dia 14 de março. Dias depois, Lourival foi preso. Além dele, uma ex-namorada do técnico de informática, denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por participação no crime, continua presa. A defesa dela e de Lourival alegam, no entanto, que apenas este último cometeu o crime.