"Meu trabalho virou maquiagem", diz Fernanda Torres, em campanha pelo Oscar 2025
Protagonista de "Ainda estou aqui", filme de Walter Salles que vai representar o Brasil no prêmio, atriz revela estilistas preferidos, mas diz que selecionar figurinos para red carpets virou uma saga: "Quem diria? Logo eu, o pangaré de Secretário"
Desde que Fernanda Torres surgiu minimalista e chiquérrima no Festival de Cinema de Veneza usando um vestido azul-marinho sem alças, de tafetá, feito sob medida para ela por Alexandre Herchcovitch, o estilo da atriz virou assunto nas redes sociais.
Em plena campanha de "Ainda estou aqui", de Walter Salles, pelo Oscar 2025, a atriz tem surgido deslumbrante em cada tapete vermelho que pisa pelo mundo para apresentar o longa, que foi escolhido para representar o Brasil no Oscar.
Fernanda já abocanhou o prêmio de melhor atriz de filme internacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos. Agora, figura na lista de apostas de vários especialistas como atriz com grandes chances de ser indicada ao prêmio.
Enquanto isso, enfileira modelitos elegantes em sessões do longa realizada em diferentes países. Em Veneza, aliás, o filme levou o prêmio de melhor roteiro. No Festival Internacional de Cinema de Vancouver e na Mostra de Cinema de São Paulo, foi escolhido pelo público como melhor filme.
A atriz diz, que além de Herchcovitch, Reinaldo Lourenço é referência de bom gosto para ela. Quem leu até aqui pode pensar que essa relação de Fernanda com a moda é antiga e natural. Só que não, como ela explica abaixo, em entrevista ao GLOBO:
Você pode até estar cansada com a campanha, mas está gata. É você que escolhe seus looks?
Querida, eu só penso em look (risos). Meu trabalho virou maquiagem, cabelo e look. Logo eu, o "pangaré de Secretário" (lugar na região serrana do Rio, onde a atriz tem casa e circula em roupas confortáveis). Quem diria? Tenho o (stylist) Antônio Frajado desde o início, já estava em contrato... Falei: "Se tiver red carpet...". Hoje é impossível fazer isso sozinha. As marcas vão vindo. Fiquei felicíssima de fazer Veneza com Herchcovitch, que admiro. Reinaldo Lourenço… Foram os primeiro que procurei porque são referências para mim. É muita loucura red carpet, você fica tendo que escolher a desgraça do look. Meu trabalho virou maquiagem, cabelo e look.
Quando se fala em campanha, parece marketing com distribuição de brindes. Mas consiste em despertar nas pessoas o desejo de ver o filme e alimentar o boca a boca, né?
Consiste em fazer sessões para pessoas estratégicas, aí o filme começa a entrar em festivais. Na sequência, vem as sessões com debates em seguida para alimentar o buzz. A presença física faz diferença. É estratégica complicadíssima. Parece campanha política.
Quando fui para Veneza, fiquei apavorada, depois você entra no ritmo. Me acostumei. É uma loucura porque tem que fazer o filme ser visto em três continentes e, se possível, na Ásia. Hoje, há votantes do Oscar pelo mundo inteiro.
A realidade do cinema mudou, todo mundo comprou TVs de 800 polegadas. A perspectiva de um filme estrangeiro fazer bilheteira é menor. O lugar de existir é nos festivais para que ele seja lançado com força nos cinemas.