Lula diz que cortes não podem ser no 'ombro de necessitados' e questiona Congresso
Presidente e o grupo econômico do governo liderado por Fernando Haddad vêm se reunindo nos últimos dias para definir quais áreas passarão por cortes
Em meio à discussão sobre corte de gastos no governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se o Congresso Nacional irá aceitar reduzir as emendas parlamentares para contribuir ao ajuste fiscal.
Lula afirmou que "não é só tirar orçamento do governo" e também questionou se empresários aceitariam corte de subsídios.
Em entrevista ao senador Jorge Kajuru (PSB-GO) publicada pela RedeTV!, o presidente disse inicialmente que não poderia adiantar os cortes porque ainda não concluiu o pacote. Ele afirmou estar em um “processo de discussão muito sério” com o governo e criticou o mercado:
— Eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado.
O presidente afirmou que não pode jogar os cortes “no ombro das pessoas mais necessitadas" e questionou o Congresso e empresários.
— Nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas. Se eu fizer o corte de gastos para diminuir a capacidade de investimentos do orçamento, o Congresso vai aceitar as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo.
O presidente também criticou subsídios a empresas.
— Os empresários que vivem de subsídios do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídios para a gente poder equilibrar a economia brasileira?
Lula e o grupo econômico do governo liderado por Fernando Haddad vêm se reunindo nos últimos dias para definir quais áreas passarão por cortes. Nesta terça, ministros como Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho), Carlos Lupi (Previdência) e Nísia Trindade (Saúde) também participaram do debate. Uma das possibilidades, como mostrou o Globo, é mexer no BPC.