OPINIÃO

O centenário de nascimento de Osman Lins

Elizabeth Hazin, pesquisadora na área de Literatura Brasileira, reuniu um grupo de doze artistas visuais de Pernambuco, por ela criteriosamente escolhidos, para celebrar - em um grande evento, que acontecerá no próximo dia 10 de dezembro de 2024, às 19h00, no Museu do Estado de Pernambuco - o centenário de nascimento do grande escritor OSMAN LINS, nascido em Vitória de Santo Antão (PE), em 05 de julho de 1924.

Aos artistas convidados - Álvaro Caldas, Antônio Henrique, Clériston, Fabíola Pimentel, Maurício Arraes, Jessica Martins, Rikia Amaral, Roberto Ploeg, Romero de Andrade Lima, Tereza Perman, Timóteo e Vânia Notaro - foi proposta uma série de condições para representação dos DOZE MISTÉRIOS da narrativa “O RETÁBULO DE SANTA JOANA CAROLINA”, publicada no livro “NOVE, NOVENA” (1966), contendo cada um deles “um prólogo narrado em terceira pessoa, de alta densidade poética e sem ligação clara ou direta com o texto que precede, cada qual narrado em primeira pessoa por um personagem designado por um símbolo”. (cf. Astier Basílio, 01.11.2010)

A cada um dos doze participantes foi designado um desses doze mistérios, cujos prólogos e narrativas contêm uma série de elementos, subjetivos e objetivos, inspiradores de inúmeras representações artísticas.
Diante de tão fortes elementos, o trabalho seria relativamente fácil. Todos os participantes elaboraram uma série de esboços, como me confidenciou Elizabeth.

Não seria nada daquilo, como explicou a nossa mentora, recomendando a todos a leitura e releitura de cada texto, até a descoberta final do tema de cada um deles. Segundo ela estava tudo muito claro e evidente, faltava, apenas, apreender e destacar o “quadro" descrito em cada um dos mistérios da narrativa.

Mas não era somente isso, cada obra deveria ser executada em idênticos suportes de tela/painel, nas exatas medidas de 1,20, por 0,80, no sentido vertical; não podendo ser abstrato, nem regional ou humorístico, sendo obrigatório certo conteúdo religioso, para justificar a união dos doze trabalhos em um único retábulo.
Ficamos desesperados. Recebemos essas instruções em agosto de 2023, acreditando que o prazo seria longo o bastante para a chegada da “inspiração artística”.

Lemos e relemos os textos dezenas de vezes e, de repente, descobrimos todos a descrição exata de cada obra em diversos parágrafos bem esparsos.

Passamos, então, a elaborar mentalmente aqueles cenários. Conversamos longamente e chegamos à conclusão de que, apesar dos temas sombrios, os trabalhos poderiam ser alegres, dentro da medida, e bonitos, porque a tristeza pode ser bela.

Pensamos em restringir ao mínimo possível o “teor religioso”, afastando representações acadêmicas e realistas demais. Não queríamos nada literalmente fotográfico, nem surrealista, nada que lembrasse obras expostas em templos e museus, mantendo, porém, a necessária composição, indispensável à concretização do esperado RETÁBULO.

Resolvemos empregar técnicas mistas diversas, como colagem, lápis, carvão, óleo, acrílica e aquarela, entre outras.

Começamos, então, a preparar os materiais meses após o convite, todos com a certeza da conclusão para a festividade, marcada para o dia 10 de dezembro, no Museu do Estado de Pernambuco.
Estão todos convidados.

 

*Advogado

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