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Alice Braga sobre sexualidade: 'Me sentia pressionada a dizer o que era quando nem eu sabia"

Em entrevista a Maria Fortuna, no videocast 'Conversa vai, conversa vem', atriz também conta o que tem pensado em relação à maternidade

Alice Braga - Reprodução/Instagram

Alice Braga conversou com a jornalista Maria Fortuna sobre a evolução da questão da sexualidade no meio artístico. Em entrevista ao videocast ' Conversa vai, conversa vem', do jornal O Globo, a atriz, que já namorou homens e mulheres, disse que, hoje, há uma aceitação maior das diferentes orientações sexuais em sua profissão.

"Hoje, há menos preconceito, não há isso de botar numa caixinha ou num tipo de personagem" conta Alice.

A atriz lembrou o início de seu despertar sexual, quando precisou lutar contra os próprios preconceitos para acolher sua sexualidade fluida.

"A gente fica com medo do que os outros vão achar, se pergunta: "Por que eu sou assim?". Não é uma escolha. Desejos são desejos, eu sinto, eu sou" analisa. "Quando estava descobrindo minha sexualidade, senti uma pressão grande para falar o que eu era. Nem eu sabia o que eu era. Se era bi, gay, hétero.... E tinha esse lugar do julgamento e de como o mundo olhava para isso, principalmente, na nossa profissão. Se ia virar um estereótipo ou não. Passei por esse processo no início dos meus 20 anos. Depois, passou a ser mais natural. Hoje vivo minha vida bem mais aberta"

Essa abertura é resultado de muita luta de pessoas que vieram antes, reconhece Alice.

"Mas ainda somos um país altamente homofóbico, transfóbico, o que é muito grave. O Brasil ainda é um dos países que mais mata pessoas trans, homossexuais e bissexuais no mundo"

Falar sobre o assunto é uma forma de ajudar outros no processo de aceitação, acredita Alice.

"O mais triste é pensar quantos jovens estão sofrendo com isso. Imagina as pessoas trans, viver num corpo que não sente que é o seu? Temos que estar abertos sobre isso porque é sobre o amor, sobre deixar o outro ser o que é"

Durante a entrevista, Alice também refletiu sobre maternidade (ou não-maternidade)

"Pensei muito nisso nos últimos anos, chegando aos 40 (ela tem 41). Nunca tinha pensado minha vida sem filhos. Pensava: "Vou ter filho". Mas aí, trabalho, trabalho. E também comecei pensar: "Quero, não quero". Não decidi se quero ser mãe, mas, para mim, a maternidade não passa, necessariamente, pelo meu corpo físico. Você pode mãe sem ser fisicamente" afirma. "A maternidade, nesse exato momento é uma questão que ainda não penso e não consegui chegar numa decisão. Não tem um "não quero ter filho", mas tem ainda um lugar em mim que questiona. Estou no momento de decidir. E também tem aquele papo de ativista do clima: é difícil hoje em dia olhar e falar: "Vou ter um filho no mundo de hoje". Dá medo"