Amsterdã proíbe manifestações e uso de máscaras após violência com torcedores israelenses
Torcedores da equipe israelense foram agredidos na noite de quinta-feira, após a derrota por 5 a 0 para o Ajax pela Liga Europa
A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, decretou medidas de emergência, como a proibição de manifestações e do uso de máscaras na capital holandesa, após os incidentes de violência envolvendo torcedores do Maccabi Tel Aviv, que vem sendo tratados por autoridades israelenses e europeias como um caso de antissemitismo, dois dias antes da Noite dos Cristais, maior pogrom contra o povo judeu na História, completar 86 anos.
A polícia da capital holandesa anunciou operações de busca para esta sexta-feira, enquanto a promotoria afirmou que 10 das 62 pessoas detidas desde quinta continuam detidas e estão sob investigação. Halsema referiu-se ao caso como "uma noite negra e uma manhã obscura".
Torcedores da equipe israelense foram agredidos na noite de quinta-feira, após a derrota por 5 a 0 para o Ajax pela Liga Europa. Cenas gravadas em ruas do centro de Amsterdã mostram torcedores sendo perseguidos e agredidos com socos e chutes, inclusive após caírem no chão.
A chancelaria israelense disse ter tomado conhecimento de 10 pessoas internadas com ferimentos relacionados às agressões, enquanto a polícia holandesa fala de cinco pessoas que receberam atendimento hospitalar e 20 a 30 levemente feridos. Os atos de violência foram comparados por autoridades holandesas e israelenses aos pogrom realizados contra o povo judeu no pré-Segunda Guerra Mundial, no que é considerado um marco inicial do Holocausto.
A medida anunciada pela prefeita holandesa impõe uma "área de risco" e autoriza a polícia — que teve reforço extra, incluindo de policiais militares — a realizar buscas e proibir eventuais concentrações e manifestações, como o protesto pró-Palestina realizado na quinta-feira, em paralelo à partida envolvendo a equipe israelense.
Na mesma coletiva de imprensa em que a prefeita anunciou a medida, o chefe da polícia de Amsterdã, Peter Holla, apresentou uma descrição mais detalhada da sequência de fatos que disse ter durado 36 horas e "chocado" as autoridades.
O primeiro ato de violência mencionado por Holla aconteceu na noite de quarta-feira, quando alguns torcedores do Maccabi atacaram um táxi e incendiaram uma bandeira da Palestina. Outras confusões menores ocorreram na manhã de quinta, antes da partida, que foi disputada à tarde.
Apesar de autoridades antiterrorismo não terem identificado antecipadamente nenhum preparativo no país contra a ida dos torcedores a Amsterdã, segundo Halsema, autoridades retiraram manifestantes pró-Palestina que se reuniram nas imediações do estádio Johann Cruyff, para onde os torcedores israelenses foram conduzidos sob escolta policial para acompanhar o jogo. A maior parte do tumulto aconteceu ao fim da partida.
Ainda de acordo como chefe da polícia, torcedores do Maccabi caminhavam pela região central da cidade quando foram surpreendidos por pessoas descritas como "manifestantes", que lançaram as agressões. Imagens gravadas durante a noite mostram pessoas sendo agredidas com chutes e socos. Um homem foi obrigado a dizer: "Palestina livre", enquanto era agredido no chão.