COP29

As ameaças para a saúde da mudança climática

A nova rodada de negociações climáticas da ONU, COP29, começa na segunda-feira (11) em Baku.

Observatório do Clima propõe redução de 92% nas emissões até 2035 - Ralf Vetterle/Pixabay

Calor extremo, eventos climáticos incontroláveis e poluição representam uma ameaça crescente à saúde das pessoas em todo o mundo, causada pela mudança climática, alertam os especialistas.

É quase certo que este ano será o mais quente já registrado e o mundo continua a emitir níveis crescentes de combustíveis fósseis que aquecem o planeta.

“A mudança climática está nos deixando doentes, e uma ação urgente é uma questão de vida ou morte”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta semana.


- Calor extremo -
O monitor climático da União Europeia disse esta semana que é “praticamente certo” que 2024 ultrapasse o ano passado e se torne o ano mais quente já registrado.

Também se espera que seja o primeiro ano com uma temperatura mais de 1,5°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

O projeto internacional Lancet Countdown identificou 15 maneiras pelas quais a mudança climática afeta a saúde, e 10 delas “atingiram novos níveis de preocupação”, de acordo com o último relatório.

O número de pessoas com mais de 65 anos que morreram devido ao calor aumentou 167% desde a década de 1990, e este é apenas um dos registros recentes, segundo o relatório.

O calor extremo acarreta inúmeros riscos à saúde, incluindo distúrbios renais, derrames, resultados adversos na gravidez, doenças cardiovasculares e respiratórias, falência de órgãos e, por fim, morte.

Para Jeni Miller, diretora-executiva da Global Climate and Health Alliance, “este ano confirmou os impactos crescentes do aquecimento do clima sobre a saúde e o bem-estar das pessoas.

O calor extremo causou 700 mortes e mais de 40.000 casos de insolação na Índia.

Na Nigéria, as chuvas “agravadas pelo clima” causaram o colapso de uma represa, matando 320 pessoas.

E 48 dos 50 estados dos EUA “sofreram secas moderadas a graves”, lembrou ela.

A Espanha, por sua vez, ainda está se recuperando das enchentes mais mortais em uma geração, enquanto partes dos Estados Unidos e de Cuba estão se recuperando dos recentes furacões.

Espera-se que secas, inundações e outros eventos climáticos extremos também afetem as colheitas globais, levando ao aumento da fome em muitas regiões.


- Poluição do ar -
Quase toda a população mundial - 99% - respira um ar que excede os níveis de qualidade recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

Descobriu-se que essa poluição aumenta o risco de doenças respiratórias, derrames, doenças cardíacas, câncer de pulmão, diabetes e outros problemas de saúde, representando uma ameaça comparável ao tabagismo.

Cerca de sete milhões de mortes prematuras por ano estão ligadas à poluição do ar, de acordo com a OMS.

Na semana passada, a segunda maior cidade do Paquistão, Lahore, registrou um nível de poluição do ar 40 vezes maior do que o considerado aceitável pela OMS.

Enquanto isso, o relatório da Lancet Countdown destacou que as mortes causadas pela poluição do ar relacionada a combustíveis fósseis caíram quase 7% de 2016 a 2021, principalmente devido aos esforços para reduzir a poluição causada pela queima de carvão.


- Doenças infecciosas -
A mudança climática significa que mosquitos, aves e mamíferos sairão de seus habitats anteriores, aumentando o risco de propagação de doenças infecciosas.

Dengue, chikungunya, Zika, vírus do Nilo Ocidental e malária são doenças transmitidas por mosquitos cuja proliferação pode aumentar em um mundo em aquecimento.

O risco de transmissão por um dos mosquitos que espalham a dengue aumentou em 43% nos últimos 60 anos, de acordo com a Lancet Countdown.

Um novo recorde global de mais de cinco milhões de casos de dengue foi registrado no ano passado.

Tempestades e enchentes criam água parada que é um terreno fértil para os mosquitos e também aumentam o risco de doenças transmitidas pela água, como cólera, febre tifoide e diarreia.