''A Justiça desse país é lamentável. Mas a Justiça de Deus não vai falhar'', diz tia de Ágatha
Julgamento terminou na madrugada deste sábado. Júri entendeu que policial não teve intenção de matar a criança
Daniele Lima Félix, tia da menina Ágatha Vitória Sales Félix, que morreu em setembro de 2019 na Fazendinha, no Complexo do Alemão ao receber um tiro de fuzil nas costas disparado por um PM durante incursão policial disse na manhã deste sábado que ficou revoltada com a absolvição do acusado.
Os jurados do caso entenderam que o PM Rodrigo José de Matos Soares, foi autor dos disparos, mas que ele na teve intenção de matar a garota. Na época, a menina tinha oito anos.
— A única coisa que tenho a dizer é que a Justiça desse país é lamentável. Mas a Justiça de Deus não vai falhar. (Com essa sentença)mataram nossa menina duas vezes — disse Daniele.
Agatha estava em uma kombi com a mãe, quando foi baleada nas costas por estilhaços de uma bala de fuzil. Segundo os moradores, PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local com dois ocupantes. Uma das balas ricocheteou em um poste atingindo criança.
Na época, a PM informou que, por volta das 22h daquela noite, soldados lotados na UPP Fazendinha foram atacados em várias localidades da comunidade ao mesmo tempo. Os policiais revidaram.
Ainda de acordo com a PM, após a troca de tiros, os policiais receberam a informação de que um morador havia sido baleado.
Trechos da sentença:
Com a decisão do Júri, o juiz da Primeira a Vara Criminal do Júri do Rio, Cariel Bezzera Patriota, anunciou a absolvição. E escreveu na sentença:
''Ante o exposto, atendendo à vontade soberana do Egrégio Conselho de Sentença desta comarca, julgo IMPROCEDENTE a acusação e absolvo RODRIGO JOSÉ DE MATOS SOARES da acusação pela prática do crime previsto no art. 121, §2º, incisos I e IV n/f do art. 73 do Código Penal. Sentença publicada em audiência, estando cientes as partes. Promovam-se as comunicações de estilo, inclusive após trânsito em julgado'', escreveu.
Durante o julgamento, Vanessa Salles Félix, mãe de Ágatha, relembrou os últimos momentos da vida da filha:
Vanessa relembrou o dia da morte da filha: ''Aconteceu um barulho que parecia uma bomba e ela gritando 'mãe, mãe, mãe'. Eu falando 'filha, calma'' E até hoje quando eu chego em casa e tenho aquele sentimento de que algo está faltando", contou Vanessa.