TERRORISMO

PF encontra boné com frase ''Brasil acima de tudo, Deus acima de todos'' em trailer de homem-bomba

Slogan foi amplamente usado por Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018

Francisco morreu na frente do STF - Evaristo Sá/AFP

A Polícia Federal encontrou um boné com os dizeres "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", no trailer que foi alugado por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, responsável por detonar duas bombas na Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira.

O slogan foi amplamente usado por Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018. Agentes que participaram da perícia levaram outros objetos pessoais do homem-bomba, mas nenhum explosivo foi encontrado no trailer. Ao final, o veículo foi rebocado pela PF.

A PF abriu um inquérito paralelo ao da Polícia Civil do Distrito Federal. Francisco Wanderley Luiz detonou explosivos no porta-malas do seu carro, que estava estacionado no Anexo 4 da Câmara dos Deputados, próximo ao trailer.

Segundo a investigação, a bomba no veículo estava com acionamento remoto. Depois, se dirigiu à Praça dos Três Poderes, onde lançou artefatos na estátua da Justiça Cega e em direção ao prédio do STF. Após ser abordado por um vigilante, ele se deitou e colocou um explosivo na cabeça, que explodiu e o matou na hora.

O boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Distrito Federal trata o caso como "auto lesão fatal".

Comerciantes que trabalha nos arredores do Anexo 4 afirmam que o homem-bomba começou a frequentar a região há pouco mais de dois meses. Discreto, ele mantinha pouco contato com os frequentadores do local, que concentra restaurantes e outros traillers de foodtruck.

Policiais do Distrito Federal e integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) fizeram varreduras em busca de outras bombas na Praça dos Três Poderes e no entorno do Alvorada, residência oficial da Presidência. A Esplanada dos Ministérios foi fechada.

O episódio é considerado “grave” pela PF, e a decisão de entrar no caso foi tomada rapidamente. Ela se justifica pelo fato de o ataque ter ocorrido em órgão público federal. Em nota, a corporação afirmou que policiais do Comando de Operações Táticas (COT) foram acionados, além de peritos e agentes do grupo antibombas.

— Era uma bomba caseira, com pólvora e tijolos — afirmou o Sargento Santos, da Polícia Militar do DF, que desarmou o explosivo no porta-malas do carro.

Nas redes sociais de Francisco Wanderley Luiz, há publicações com ameaças a autoridades e um possível aviso sobre as explosões. Em uma das imagens, ele diz que a PF tem “72 horas” para “desarmar a bomba”. Em outra, o homem cita o dia 13 de novembro, ontem, e fala em “grande acontecimento”.

Francisco postou uma foto no plenário do STF e escreveu que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”. Em outras mensagens, ele fez referências a militares, políticos e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal traz o relato de uma testemunha sobre o ocorrido. “Informou que o indivíduo, posteriormente identificado como Francisco Wanderley Luiz, se aproximou e ficou parado em frente à estátua (em frente à sede do STF).

O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua”, diz trecho do documento, em referência à estátua da Justiça.

A polícia prossegue com o relato colhido.

“O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem. Que visualizou um abjeto semelhante a um relógio digital, que o segurança acreditou tratar-se de uma bomba. Tirou os artefatos e verificou que o indivíduo trazia algo diferente. Pegou um extintor, desistiu e o colocou no chão. Saiu com os artefatos pra lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”.

Ainda de acordo com o relato, “o indivíduo deitou no chão acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”.