Fornecimento de energia é restabelecido na UFRJ, mas abastecimento de água ainda não foi normalizado
Dívida da universidade com concessionária Águas do Rio ultrapassa os R$ 18 milhões
O fornecimento de energia elétrica na Cidade Universitária foi restabelecido pela Light, conforme determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, nesta quinta-feira. Mas alguns departamentos da UFRJ, incluindo a reitoria, ainda enfrentam o desabastecimento de água.
Com a normalização da energia, os restaurantes universitários e o alojamento estudantil voltaram a funcionar. Somente uma parte do Museu Nacional, onde estão algumas coleções, ainda está sem energia.
O prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado, informou que há preocupação com a falta de água para os seguranças.
— Estou em busca de uma solução, pois teremos dias sem atividades acadêmicas com os feriados e o G-20 no Rio de Janeiro. Nossos profissionais precisam vigiar tosas as instalações e realizam revezamento em plantões, precisamos de água nos sanitários, nos chuveiros e até para que eles possam matar a sede nos intervalos — afirmou.
A reitoria contratou caminhões-pipa para manter o funcionamento do Restaurante Universitário Central. Ainda não há decisão da Justiça sobre a questão dos débitos com a Águas do Rio. A UFRJ deve à concessionária cerca de R$ 18 milhões.
A crise financeira da universidade se agravou devido ao déficit orçamentário, que atualmente chega a R$ 192 milhões, acumulado nos últimos oito anos. Apenas este ano, o déficit chega a R$ 70 milhões, segundo a reitoria.
Orçamento
A UFRJ informou que está redirecionando recursos destinados a outras finalidades para quitar parte da dívida e garantir o pagamento de uma parcela da conta de luz.
A outra parte será coberta por um repasse emergencial do Ministério da Educação, no valor de R$ 1,5 milhão, previsto para ser liberado ainda nesta quarta-feira.
Segundo o reitor Roberto Medronho, há também a expectativa de um projeto de repasse adicional de R$ 3 milhões.
As dívidas da universidade também refletem em problemas estruturais.
O prédio da Escola de Educação Física e Dança está fechado devido a dois desmoronamentos em um período de sete meses.
Segundo o Escritório Técnico Universitário, cerca de metade dos prédios da UFRJ precisa de reparos na edificação, com obras orçadas em R$ 780 milhões.
'Medo de perder anos de trabalho'
Professor titular de virologia da UFRJ, Almícar Tanuri relata que, apesar da situação estar normalizada nos prédios de saúde e biologia, o sentimento é de apreensão entre os alunos e educadores.
Tanuri pontua que os laboratórios guardam 70 mil amostras que contam a história da pandemia da Covid-19 no Rio e necessitam de uma temperatura específica para não degradarem.
— Ainda estamos com energia elétrica nos prédios, porém nós temos muita preocupação de acontecer algo. No nosso laboratório temos 70 mil amostras que contam a história da pandemia inteira. Elas são super preciosas e se ficarem sem congelamento têm o risco de degradarem. Temos geradores, mas não sei até quanto tempo eles conseguem sustentar porque 24h sem luz já é suficiente para acabar com tudo. Medo de perder anos de trabalho — detalha Tanuri.
A segurança é um outro fator que está sendo prejudicado pela falta de luz. Tanuri lembra que pediu aos alunos para não permanecerem nas instalações da universidade depois das 17h:
— A Light cortou a luz das vias, então quando escurece a segurança no campus fica super prejudicada. No meu laboratório os alunos costumam ficar trabalhando até às 20h. Com tudo isso acontecendo falei que ninguém mais pode sair depois das 17h.