Cissa Guimarães traz peça "Doidas e Santas" ao Recife e fala sobre TV: "Dá uma trabalheira danada"
Atriz e apresentadora celebra os dez anos do espetáculo com circulação pelo Brasil
Com quase 50 anos de carreira, Cissa Guimarães segue fazendo jus à alcunha dada, na época do extinto “Vídeo Show”, por Miguel Falabella: “a garota que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia”. Em um momento ímpar de sua vida profissional, a carioca vem se desdobrando entre a apresentação do “Sem Censura”, na TV Brasil, e as viagens pelo País com sua peça de teatro, que chega ao Recife.
Neste feriado emendado de Dia da Proclamação da República, “Doidas e Santas” aporta no Teatro do Parque para três apresentações: nesta sexta-feira (15) e no sábado (16), às 20h, e no domingo (, às 17h. A Capital pernambucana encerra a turnê comemorativa de 10 anos do espetáculo, que já foi visto por mais de 500 mil pessoas e encenado mais de mil vezes no Brasil e em países da Europa.
A celebração, na verdade, estava prevista para ocorrer em 2020, quando a montagem completou uma década desde a sua estreia. Com a pandemia de Covid-19, no entanto, a turnê precisou ser adiada. Inspirada no livro homônimo de Martha Medeiros, a peça se mantém fiel ao texto original, escrito por Regiana Antonini.
“A única coisa que a gente acrescentou foi um celular, que não havia em cena antes. Mas todo o conteúdo da peça é o mesmo. Isso porque eu acho que é um texto que permanece bastante atual. Afinal, ele fala sobre relacionamentos”, aponta Cissa, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Idealizado pela atriz e com direção de Ernesto Piccolo, “Doidas e Santas” conta a história de Beatriz, uma psicanalista prestes a completar 60 anos e vivendo uma crise conjugal. Ela analisa a sua própria vida na frente da plateia, refletindo os anseios da mulher moderna.
Segredo do sucesso
“O texto abarca todos os relacionamentos, não só os românticos. Então, todo mundo é atravessado de alguma forma. Por isso, é uma peça que pode ser vista pela família toda”, conta. Giuseppe Oristanio vive Orlando, marido de Beatriz, um homem machista e que não aceita a possibilidade de separação. Já Josie Antello interpreta três mulheres da vida da protagonista: irmã, mãe e filha. Ambos os atores estão com Cissa desde o início da comédia.
Em cartaz há tanto tempo, Cissa acredita que a longevidade da montagem pode ser explicada pela temática abordada. “O segredo [do sucesso da peça] é falar da coisa que mais antiga da humanidade, que é a busca da felicidade. Tudo isso regado a muito humor e momentos de reflexão. Então, as pessoas se divertem, mas também param para pensar sobre suas próprias vidas”, afirma.
A ideia do espetáculo nasceu quando a atriz e apresentadora estava completando 50 anos de idade. Hoje, aos 67, ela defende que o perfil da personagem não sofreu qualquer mudança com o passar do tempo.
“São as mesmas questões. Eu acho muito legal uma mulher com a minha idade atual também ter a coragem de chutar o pau da barraca. Aliás, hoje em dia, com a dinâmica do mundo e a ciência, uma mulher de 60 anos é o equivalente a uma de 50 de antigamente. Eu acho que essa questão do etarismo é até um pouco banal de se conversar, porque você conhece mulheres de 50 anos que parecem ter 30, e não só por questões plásticas, mas pelo modo de viver mesmo”, apontou.
Sem Censura
Desde o início de 2024, Cissa enfrenta o desafio de gravar diariamente e ao vivo um programa de entrevistas com quase 40 anos de história. Sob o comando da carioca, o “Sem Censura” tem arrancado elogios da crítica e do público.
“Dá uma trabalheira danada [gravar o programa diariamente], mas é uma alegria poder aprender tanto com tantas pessoas. Todos os dias são quatro entrevistados com histórias incríveis. É muito bom poder levar para o público, em uma televisão pública, o livre debate, a conversa leve. Estou feliz de estar à frente dessa bancada, continuando o trabalho de tantos anos de um programa que tem um prestígio tão grande”, destaca.
Serviço:
Espetáculo “Doidas e Santas”
Quando: nesta sexta-feira (15) e sábado (16), às 20h, e no domingo (17), às 17h
Onde: Teatro do Parque - Rua do Hospício, 81, Boa Vista)
Ingressos por R$ 60 (meia-entrada) e R$120, à venda no Sympla
Informações: (81) 99488-6833