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Milei suspende pensão vitalícia de Kirchner, que o chama de "ditadorzinho"

A ex-presidente recebe, além de sua aposentadoria e dos benefícios vitalícios destinados a todos os ex-mandatários

Javier Milei - Tomas Cuesta/AFP

O governo de Javier Milei, na Argentina, anunciou que suspenderá a aposentadoria vitalícia da ex-presidente Cristina Kirchner após a confirmação de uma condenação contra ela por fraude. Após saber da decisão, Kirchner chamou Milei de "ditadorzinho".

O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou em coletiva de imprensa que o governo ordenou a suspensão da "aposentadoria de privilégio" de Kirchner, que foi presidente por dois mandatos (2007-2015) e vice-presidente entre 2019 e 2023.

A suspensão "abrange tanto a aposentadoria pessoal quanto a derivada da pensão do falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). Isso significa para os argentinos uma economia de cerca de 21 milhões de pesos" (121 mil reais na cotação oficial) por mês, declarou Adorni.

Essa aposentadoria "constitui uma graça concedida em reconhecimento ao mérito e à honra", argumenta o Executivo em um comunicado, que cita "a indignidade de ter sido considerada penalmente responsável pelo crime de administração fraudulenta".

Na quarta-feira, a Câmara Federal de Cassação Penal confirmou uma decisão de primeira instância que condenou Kirchner a seis anos de prisão e inabilitação política por administração fraudulenta. Kirchner ainda pode recorrer à Suprema Corte.

"O pequeno ditadorzinho que você sempre carregou dentro de si está aparecendo", reagiu a ex-presidente na rede social X. "Pare de dar ordens ilegais aos funcionários", protestou.

Kirchner, de 71 anos, é a principal referência da oposição ao presidente ultraliberal e preside o Partido Justicialista (peronismo). Caso a sentença judicial contra ela se torne definitiva, ela não cumprirá pena em prisão por ter mais de 70 anos.

A ex-presidente recebe, além de sua aposentadoria e dos benefícios vitalícios destinados a todos os ex-mandatários, uma pensão por viuvez de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em 2010.

Referindo-se ao falecido Fernando De la Rúa, que governou a Argentina durante a crise de 2001 e deixou o cargo em meio a uma revolta popular, Kirchner escreveu: "Pergunte à viúva de De la Rúa, que recebe a mesma pensão e, como você pode imaginar, não a recebe pelo bom desempenho do cargo de seu marido, que teve que sair de helicóptero".

"A pensão dos ex-presidentes não é concedida pelo bom desempenho, mas pelo mérito de terem sido escolhidos pelo povo", acrescentou.