ESTADOS UNIDOS

Elon Musk é o integrante 'mais influente' da equipe de transição de Trump

Apesar de ter sido nomeado chefe de departamento que atua fora do governo, bilionário tem papel bastante amplo, chegando a procurar funcionários de suas empresas para preencher cargos

Elon Musk no palco falando em apoio a Donald Trump no Greater Philadelphia Expo Center em Oaks, Pensilvânia, em 18 de outubro de 2024 - RYAN COLLERD / AFP

Desde que Donald Trump foi eleito presidente, Elon Musk tem trabalhado ao seu lado. Para ser justo, desde antes da eleição. E não surpreende portanto que esteja desempenhando um papel importante na transição de governo. O "mais influente" na verdade, de acordo com duas fontes próximas ao processo ao jornal Wall Street Journal. O homem mais rico do mundo não tem uma função formal dentro do governo — o departamento que chefiará, o de "Eficiência governamental", fornecerá consultoria e orientação de fora do governo. Ainda assim, seu papel (e influência) é tão amplo que uma pessoa chegou a descrevê-lo como "responsável pelo orçamento federal".

O bilionário trabalha diariamente com os copresidentes de transição Howard Lutnick e Linda McMahon. Participa de sessões sobre mudanças de funcionários e questões menores, informaram fontes ao jornal. Ele e outros membros da equipe ficam sentados em frente a grandes televisores, onde imagens de potenciais candidatos são transmitidas, avaliando. Também participa de reuniões e entrevistas com candidatos aos cargos do Gabinete e recrutado colegas e aliados para algumas funções.

Musk está praticamente hospedado em Mar-a-Lago, segundo fontes familiarizadas com o assunto ao jornal, e se comporta como amigo íntimo da família. Às vezes leva o filho X, que teve com a cantora pop Grimes, à residência. A neta de Trump postou uma foto do bilionário no campo de golfe, com a legenda "Elon chegando ao status de tio". Também foi visto à noite jantando com Trump e sua mulher, Melania.

Enquanto candidatos ao Gabinete estavam reunidos do lado de fora com conselheiros e amigos do presidente eleito, Musk estava sentado dentro da residência ao lado de Trump. Estão inseparáveis desde a última semana, quando Trump foi proclamado vencedor. Passam a maior parte do tempo juntos no escritório.

Cargos para aliados
Fontes afirmaram anteriormente ao New York Times que o bilionário queria que Trump contratasse alguns funcionários da Space X, sua empresa espacial, para ocupar cargos no governo, incluindo no Departamento de Defesa. A informação foi reforçada por outras pessoas ao WSJ ao informarem que Musk procurou amigos não só na SpaceX, como também na Tesla e no X, para preencher os cargos.

Algumas pessoas disseram ao WSJ que pessoas próximas ao processo de transição esperam que o amigo de Musk e empreendedor do Vale do Silício, David Sacks, esteja entre os consultores do novo departamento de "eficiência governamental". Também afirmaram que amigos do bilionário no Vale do Silício têm enviados seus currículos e que alguns foram incentivados por Musk a fazê-lo.

— Acho que um dos elementos mais atraentes para essas pessoas é que elas sentirão que estão trabalhando para Elon [Musk] em vez do presidente Trump — disse uma das fontes.

Alguns doadores do Vale do Silício expressaram, de modo reservado, descontentamento com as nomeações de Trump, afirmando que deveriam ser melhor representados visto o montante que doaram para a campanha. Musk doou cerca de US$ 200 milhões no total.

Depois da nomeação de Musk por Trump, o bilionário prometeu "abalar o sistema e todos os envolvidos no desperdício do governo, que são muitos". Sem detalhar, disse que cortaria US$ 2 trilhões em gastos governamentais. Ameaçou também cortar empregos, o que não seria novidade. Assim que assumiu o Twitter, posteriormente rebatizado de X, fez demissões em séries, inclusive de executivos de alto escalão, em busca da redução de custos. De cerca de 8 mil funcionários, a equipe da plataforma foi reduzida para mais ou menos 1,5 mil. Fez o mesmo com outras empresas.

Pessoas familiarizadas com a transição disseram ao WSJ que Musk está obcecado com o que ele vê como o tamanho exagerado da força de trabalho federal e disse ("possivelmente em tom de brincadeira", escreveu a reportagem) que mais da metade dos trabalhadores do governo deveriam ser demitidas.

De acordo com pessoas que trabalharam para o bilionário, há expectativa de que os cortes sejam direcionados às agências que regulam ou investigam suas empresas, como o Departamento de Justiça, a Receita Federal e a Comissão Federal de Comércio. No caso dos funcionários públicos demitidos, eles devem receber até dois anos de indenização, além de treinamento profissional, disse uma pessoa ao WSJ.

Lua de mel
O WSJ afirmou que Trump jantou com o bilionário no pátio de Mar-a-lago no fim de semana e, quem estava lá, descreveu ao jornal que Musk foi tratado como uma celebridade pelos clientes do clube, que competiam por sua atenção. Há um magnetismo tão forte entre os apoiadores de Trump pelo bilionário que um frequentador chegou a compará-lo a Paul McCartney.

Para algumas pessoas próximas de Trump no primeiro mandato, há uma expectativa de que mais cedo ou mais tarde a lua de mel termine. A BBC descreveu que o presidente eleito frequentemente se estressava com indicados que queriam lhe roubar os holofotes no primeiro mandato, inclusive com aqueles com quem mantinha relacionamentos calorosos. Até o momento, porém, pessoas próximas afirmam ao jornal que Trump e Musk parecem estar se dando bem.