'Só acontecem mudanças quando há crises': Amorim defende reforma em plenária do G20
Assessor especial da presidência defendeu multipolaridade e foi crítico a atuação de membros permanentes do Conselho de Segurança na ONU
O assessor para assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, defendeu a realização de encontros como o G20 para o surgimento de mudanças no equilíbrio de forças entre os países desenvolvidos e emergentes.
Durante a sua participação em uma plenária da cúpula social, na manhã desta sexta-feira, ele relembrou o contexto de surgimento do grupo, que reuniu pela primeira vez representantes das vinte maiores economias do mundo em 2008, em meio a crise do subprime, nos Estados Unidos.
"Só acontecem mudanças quando há crises", afirmou Amorim ao comentar sobre a fundação e atuação do grupo em discussões internacionais.
O ex-chanceler também afirmou que organizações como o Brics, defendido pelo governo brasileiro, contribuiriam para evitar o esvaziamento do G20 frente a forças de outras potências mundiais.
Celso Amorim também foi crítico a atuação de membros do Conselho de Segurança da ONU, como Estados Unidos e Rússia, que, ao não conseguirem a aprovação grupo, "agem fora" do que ficou acordado. "Não há paz sem equilíbrio", complementou ele.
Esse tema também foi abordado pelo Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante a mesa de abertura da cúpula social, que aconteceu na tarde desta quinta-feira. Durante sua fala, o chanceler defendeu que "o mundo não pode continuar a ser governado pela geopolítica que resultou do flagelo Segunda Guerra Mundial, em 1945".
Ela ainda disse que essa configuração "levou o mundo a uma situação que hoje vivemos, em que não se pode parar os atos de violência, agressão, morte, guerra, que se vê em todas as regiões, seja no Oriente Médio, seja na Europa".
Discussão sobre reforma da governança global
Nesta sexta-feira (15), esse tema também foi abordado por perspectivas de membros de movimentos sociais, convidados a integrar a mesa ao lado de Amorim.
Entre os integrantes da discussão, esteve Antonio Lisboa, representante brasileiro da Confederação Sindical Internacional (CSI), que também defendeu a reformulação da estrutura das Nações Unidas, do Banco Mundial, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em favor da participação de países do sul global.
"A gente vive num mundo que deve ser caracterizado por um novo multilateralismo, que não deve ser marcado por estruturas definidas pela guerra, mas sim pelos direitos e pela paz".
Participou também do encontro o economista e professor sul-coreano Ha Joon Chang, que destacou o papel de controle de países ricos de fundos e organizações monetárias internacionais, enquanto países em desenvolvimento teriam o acesso a esses recursos dificultado.
"As regras deveriam se aplicar a todos igualmente, mas isso não acontece na prática e, quando uma norma favorece um grupo a favor de outro, torna-se injusto", explica ele.
Já a turca Yildiz Temürtürkan, coordenadora internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) defendeu o papel dos movimentos sociais na "luta pelo poder e pelos direitos das mulheres".
"Só conseguimos mudar a dinâmica do mundo estando em ação", disse ela ao apresentar as demandas trazidas pela sua organização para o G20 Social, que incluíam o "combate ao patriarcado" e o fim das "guerras começadas por impérios".