EUA

Advogado diz que cliente viu secretário de Justiça nomeado por Trump ter relações sexuais com menor

Mulher disse que caso ocorreu em 2017; uma fonte disse ao NYT que um hacker obteve acesso a documentos "prejudiciais" contra o nomeado, incluindo depoimento da menor na época

Matt Gaetz é ex-deputado e nomeado como secretário de Justiça por Donald Trump - Jim Watson/AFP

Um advogado que representa duas mulheres que testemunharam terem sido pagas para fazer sexo pelo ex-deputado e nomeado como secretário de Justiça por Donald Trump, Matt Gaetz, disse a vários meios de comunicação na segunda-feira que uma das clientes disse ter testemunhado Gaetz fazendo sexo com uma garota menor de idade em uma festa em 2017.

Nesta terça-feira, um hacker obteve acesso a um arquivo de computador com depoimentos "prejudiciais" relacionados a Gaetz, entre eles, o da mulher que descreveu a relação sexual entre a adolescente e Gaetz e o da própria menor de idade na época.

O advogado Joel Leppard contou à CBS News, ABC News e CNN sobre o depoimento de suas clientes ao Comitê de Ética da Câmara, que estava investigando alegações de Gaetz e o envolvimento com mulheres mais jovens, bem como acusações de uso de drogas.

À ABC News, Leppard disse que uma das mulheres testemunhou que:

— Em julho de 2017, nessa festa em casa, ela estava indo para a área da piscina, olhou para a direita e viu [Gaetz] fazendo sexo com sua amiga, que tinha 17 anos.

O advogado disse à CNN que o ex-deputado da Flórida descobriu mais tarde que a garota era menor de idade. As duas mulheres também disseram ao comitê que foram pagas pelo sexo usando o Venmo, um aplicativo para efetuar pagamentos por celular bastante popular nos EUA, disse Leppard.

Em suas conversas privadas nos últimos dias, Trump admitiu que Gaetz tem poucas chances de ser confirmada pelo Senado, informou o New York Times. Mas o presidente eleito tampouco deu sinais de retirar a nomeação.

Documentos hackeados
O depoimento de uma das clientes de Leppard coincide com os 24 testemunhos e provas acessados por um hacker através de um link seguro compartilhado entre advogados. O material, disse uma fonte ao jornal americano, não parece ter sido tornado público pelo hacker e, até o momento, não está claro o motivo por trás da ação. Também não foi editado aparentemente e é considerado mais prejudicial a Gaetz do que aos acusadores, de acordo com a pessoa familiarizada com o caso.

Muitas informações as quais o hacker teve acesso estão sob sigilo com o Departamento de Justiça, por quem Gaetz foi investigado ao longo de dois anos, e o Comitê de Ética da Câmara. Mas são de uma ação diferente, movida na esfera civil por um amigo de Gaetz, Chrisopher Dorworth, um empresário na Flórida.

O empresário entrou com uma ação contra a mulher que diz ter tido relações com Gaetz quando era menor de idade e Joel Greenberg, um antigo aliado do ex-deputado. Dorworth alegou que foi difamado por Greenberg e pela mulher, que disseram a autoridades federais que o empresário organizava festas regadas a álcool e sexo, e das quais eles e Gaetz participavam.

Greenberg está preso. Ele cumpre uma sentença de 11 anos após se declarar culpado de acusações federais de tráfico sexual envolvendo a mulher na época menor de idade.

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Ao apresentar a defesa, os advogados de Greenberg e da mulher solicitaram declarações juramentadas de pessoas que, afirmam, foram testemunhas desses eventos. Além dos testemunhos, há também materiais de apoio, como registros que mostram quem entrou na propriedade de Dorworth naquela noite em 2017, que as mulheres descreveram a relação sexual de Gaetz.

Gaetz já havia negado as alegações.

"Homem certo para o cargo"
Alex Pfeiffer, porta-voz da transição de Trump, disse:

— Matt Gaetz será o próximo procurador-geral. Ele é o homem certo para o cargo e acabará com o armamento de nosso sistema judiciário. Essas são alegações infundadas com o objetivo de inviabilizar o segundo governo Trump.

Gaetz renunciou na semana passada logo depois que o presidente eleito Donald Trump anunciou que planejava nomear o ex-deputado da Flórida para ser seu secretário de Justiça, apesar do legislador também ter sido investigado pelo Departamento de Justiça anteriormente.

Após a renúncia, o presidente da Câmara, Mike Johnson, anunciou que não tornaria público o relatório do comitê porque Gaetz não estava mais no cargo.

O ex-deputado é um dos vários indicados polêmicos que Trump anunciou que submeterá à confirmação do Senado. Mas foi seu nome que provocou as reações mais negativas entre os senadores republicanos. Alguns colegas manifestaram alegria ao vê-lo deixar o Congresso, enquanto outros se surpreenderam com a nomeação.