CRÍTICA

"Wicked": o que esperar do filme estrelado por Ariana Grande e Cynthia Erivo

Longa-metragem é adaptação fiel do musical da Broadway

"Wicked" estreia nesta quinta-feira (21) - Universal Studios/Divulgação

De todas as versões já lançadas do universo fantástico de “O Mágico de Oz”, a trama pregressa criada por Gregory Maguire em “Wicked” - best-seller de 1995 - é, de longe, a mais disruptiva. Subvertendo o olhar estabelecido pela obra original, a “história não contada” das bruxas de Oz traz uma nova perspectiva para personagens já conhecidos.

Sucesso de vendas como livro, o ousado enredo ganhou ainda mais popularidade quando foi adaptado para a Broadway em 2003. O musical, um dos mais famosos de todos os tempos, foi finalmente adaptado para o cinema mais de 20 anos após sua chegada aos palcos. “Wicked”, o filme, estreia oficialmente amanhã, mas já pode ser visto em sessões antecipadas pelo Brasil.

Ambientado anos antes da chegada de Dorothy à encantada Terra de Oz, o longa-metragem revela a inusitada amizade entre a Bruxa Boa e a Bruxa Má do Oeste, que se conheceram ainda jovens. Para as personagens centrais da trama, foram escaladas duas artistas premiadas.
 

Vencedora do Emmy, do Grammy e do Tony, Cynthia Erivo dá vida a Elphaba. Rejeitada desde a infância por conta de sua pele verde, a jovem cresce como alguém introspectiva e sem amigos. Na Universidade Shiz, ela ganha a possibilidade de aprender a controlar seus misteriosos poderes.

É no ambiente de ensino que Elphaba conhece Galinda, seu exato oposto. Amada por todos e cheia de privilégios, a garota tem tudo o que deseja, menos seu maior sonho: poderes mágicos. O papel cabe à cantora e atriz Ariana Grande, vencedora do Grammy e recordista de álbuns de platina, formando com Cynthia uma dupla que conquista não só pelo talento vocal, mas também pela incontestável química estabelecida em cena.

Além das duas estrelas, o elenco conta com outros nomes de peso, como o da vencedora do Oscar Michelle Yeoh, que vive Madame Morrible, Reitora de Estudos de Feitiçaria da Universidade Shiz e mentora de Elphaba. Outro grande destaque é Jeff Goldblum, o cativante Mágico de Oz.

O filme é uma versão fiel e aprofundada da peça teatral. Marc Platt e David Stone, produtores do espetáculo, também estão na equipe do longa, que conta com a direção de Jon M. Chu. O cineasta norte-americano de ascendência chinesa já havia experimentado adaptar um musical da Broadway para as telas no elogiado “Em um Bairro de Nova York” (2021).

“Wicked” traz referência do seu passado nos palcos o tempo todo, incluindo até uma participação especial de Idina Menzel e Kristin Chenoweth, atrizes da primeira montagem, em uma cena. É um musical de fato, sem nenhuma vergonha de sê-lo. São 2 horas e 40 minutos mais cantadas do que faladas, o que pode afugentar os que detestam musicais. Aos fãs do gênero, no entanto, é um deleite acompanhar Grande e Erivo ao longo desse tempo.

Visualmente, o longa proporciona uma imersão ao rico universo de Oz, com recriações cheias de cores de diferentes mundos existentes na obra literária, como a Cidade das Esmeraldas e a Terra dos Munchkins. É notável o empenho em fazer isso da forma mais física possível, recorrendo à computação gráfica em momentos realmente necessários. Mais de 9 milhões de tulipas foram plantadas só para a criação de um campo gigantesco que surge logo na primeira cena do filme.

Dividindo a trama em duas partes, com a segunda prevista para estrear em 2025, o filme ganhou tempo para aprofundar seus temas. Para além da história de amizade entre duas mulheres, o longa conta com uma interessante abordagem política, mostrando como movimentos fascistas conseguem silenciar e demonizar indivíduos considerados perigosos para a sua ideologia. Ao ressignificar o clássico infantil, “Wicked” evidencia a problemática de uma história única, geralmente contada pela perspectiva do “vencedor”.