Sonolência durante o dia é ligada a maior risco de síndrome de pré-demência; entenda
Estudo com idosos encontrou uma probabilidade três vezes maior de desenvolver o quadro entre aqueles que relatavam queixas sobre o sono
Idosos que sentem sono durante o dia ou falta de entusiasmo por causa de problemas para dormir foram associados a uma probabilidade três vezes maior de desenvolver uma síndrome chamada de pré-demência.
É o que aponta um novo estudo publicado na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia.
Essa síndrome, também conhecida como síndrome de risco motor cognitivo, é caracterizada por uma marcha lenta e problemas de memória, embora os pacientes ainda não tenham desenvolvido deficiência de mobilidade ou outros declínios cognitivos que caracterizam a demência.
No novo trabalho, os pesquisadores analisaram 445 indivíduos com idade média de 76 anos e que não tinham um diagnóstico de demência.
Os participantes responderam questionários sobre o sono e problemas de memória, e tiveram a velocidade de caminhada testada numa esteira.
Depois, ao longo de em média três anos, os voluntários foram reavaliados, a cada 12 meses.
Os resultados encontraram uma associação entre aqueles que relataram mais sonolência excessiva durante o dia e uma maior dificuldade em manter o entusiasmo para realizar tarefas com mais casos de desenvolvimento da síndrome.
No grupo, 35,5% desenvolveram a condição, em comparação com 6,7% dos outros participantes que não relatavam esses problemas.
Após ajustes para outros fatores que poderiam influenciar o risco, como idade, depressão e outras condições de saúde, os cientistas encontraram uma probabilidade mais de três vezes maior de desenvolver a síndrome.
O estudo é do tipo observacional, ou seja, encontrou uma associação entre os problemas, mas não consegue confirmar uma relação de causa. Trabalhos do tipo analisam a ocorrência de fenômenos, eventos, comportamentos, hábitos durante um período de tempo e buscam uma relação entre eles.
Ainda que possa traçar associações importantes, o estudo observacional não pode definir 100% que se trata de uma relação de causa e consequência. O paciente pode, por exemplo, ter relatado a maior sonolência diurna por já estar sofrendo um efeito da síndrome.
Ainda assim, a autora do estudo, a pesquisadora do Albert Einstein College of Medicine, Victoire Leroy, diz que os achados “destacam a necessidade de triagem para problemas de sono” entre os idosos. “Há potencial para que as pessoas recebam ajuda com seus problemas de sono e previnam o declínio cognitivo mais tarde na vida”, continua.
Em comunicado, porém, ela reconhece que são necessárias mais pesquisas “para examinar a relação” encontrada e de estudos que possam “explicar os mecanismos que ligam essas perturbações do sono à síndrome de risco motor cognitivo e ao declínio cognitivo”.