JUSTIÇA

Bilionário canadense é acusado de abusar de mais de 50 menores de idade durante décadas

Robert G. Miller foi forçado a abrir mão de suas casas em Montreal como parte de processo de quatro das vítimas

Robert G. Miller - The Girls Around Robert G. Miller/reprodução

A Justiça canadense determinou que o bilionário Robert G. Miller, famoso fundador da Future Electronics, ceda duas de suas casas de US$ 2 milhões em Montreal para arcar com parte de um processo de abuso sexual movido por quatro mulheres. As autoras da ação temiam que o ricaço tentasse ocultar bens à medida que as investigações contra ele avançam no país.

Veículos da imprensa canadense detalharam, nos últimos meses, que Miller foi acusado de abusar sexualmente de mais de 50 mulheres — dezenas delas, menores de idade, à época dos fatos — durante mais de duas décadas.

As vítimas afirmaram ter sido recrutadas numa "rede de sexo" e pagas com dinheiro e presentes em troca de relações íntimas com o bilionário.

Os abusos teriam ocorrido pelo menos entre 1994 e 2016, em hotéis de Montreal. Miller nega as acusações. Ele deixou o cargo de CEO da distribuidora de eletrônicos Future Electronics em fevereiro de 2023.



Em maio deste ano, foi preso sob acusação de explorar sexualmente ao menos dez pessoas e foi acusado formalmente de cometer 21 crimes. Na ocasião, ele prometeu "proteger sua reputação, lutar pela verdade e refutar falsas alegações".

A empresa foi vendida no mês seguinte, para a WT Microelectronics, por US$ 3,8 bilhões. De acordo com a Forbes, Miller tinha fortuna estimada em US$ 2,6 bilhões nesta quinta-feira.

Num dos processos contra ele em Montreal, quatro vítimas alegaram à Justiça que duas casas do bilionário na cidade estavam em nome de advogados, segundo a Canadian Press.

"É preocupante notar que Miller, um bilionário, não tem conta bancária em seu nome", disse o juiz Serge Gaudet no Tribunal Superior de Quebec, ao destacar um padrão “persistente” de Miller de listar sua fortuna e objetos de valor sob nomes de outras pessoas.

Além da acusação das quatro vítimas, Miller enfrenta outra ação judicial proposta separadamente por mais de 50 mulheres que relataram abusos entre 1996 e 2006, informou a CBC.

As investigações apontam que Miller recrutava estudantes para ter relações sexuais em troca de dinheiro e presentes, num "sistema planejado de exploração sexual" de meninas e adolescentes. Documentos judiciais obtidos pela imprensa local afirmam que uma das vítimas disse ter feito sexo mais de 30 vezes com o bilionário ao longo de dois anos. Ela tinha 14 anos quando conheceu Miller.

A vítima contou que recebeu US$ 1 mil numa das ocasiões, que o bilionário se recusou a usar preservativo e que desenvolveu vício em álcool e drogas após o abuso.

Os advogados do acusado — que, segundo a imprensa local, está acamado com doença de Parkinson — tentam adiar o andamento dos processos criminais. Os casos devem voltar à análise da Justiça canadense em dezembro.