RIO DE JANEIRO

"Estou e indignada", diz ex-rainha de bateria da Beija-Flor, após ter ONG invadida por bandidos

Vários objetos, incluindo instrumentos musicais e até fiação foram roubados, deixando o espaço sem luz

Diego de Oliveira, irmão de Raissa e tesoureiro da ONG, mostra os estragos - reprodução

A festa de encerramento para os 250 alunos da ONG Raydi, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, estava programada para o dia 6 de dezembro, com uma grande confraternização, mas vai ter de ser adiada. O espaço criado por Raissa de Oliveira, ex-rainha de bateria da Beija-Flor e tocada por ela e sua família foi invadido por bandidos na madrugada de domingo.

Vários objetos, incluindo instrumentos e até fiação foram roubados, deixando o local sem luz. O que não pôde ser levado foi destruído pelos vândalos. Com isso, as aulas tiveram de ser suspensas.

—Meu sentimento é de muita indignação, pois foram muitos anos para construir, para investir em toda uma estrutura para oferecer o melhor àquelas pessoas que participam do nosso projeto. Anos de muito sangue, suor e lágrimas para vir um estranho e tentar acabar com nossos sonhos, nossos projetos , tentar apagar uma história. Estou realmente sem chão e indignada com isso tudo. Em 18 anos de projeto, de muita dedicação à nossa comunidade isso nunca aconteceu — disse Raissa.

Diego de Oliveira, irmão de Raissa e tesoureiro da ONG contou que ele e a família só tomaram conhecimento da invasão na noite de domingo, após retornarem de um evento na Região dos Lagos.

Ele ainda não fez o levantamento do prejuízo financeiro, mas contou que foram levados instrumentos de percussão, ventiladores, escada de alumínio, bomba de água, laptop, uma caixa de som, uma mesa de som e a bomba de um lava-jato. Também arrancaram toda fiação da parte elétrica.

O que não conseguiram levar foi destruído como freezer, geladeira e o ar-condicionado da sala de percussão, numa ação de vandalismo. Diego disse que na segunda-feira procurou a 57ª DP (Nílópolis) para registrar o boletim de ocorrência. Diante do rastro de destruição que foi deixado, não sabe ainda quando o local, que ainda está sem luz, poderá retomar suas atividades.

—Vamos ter de refazer tudo. É muito triste. A gente usa o espaço para ajudar o próximo e vem gente num extremo ato de maldade e faz isso — lamenta Diego.

A ONG, que funciona no Centro de Nilópolis, surgiu em 2006 do sonho de Raíssa em retribuir o carinho da comunidade com ela. A ideia do projeto tocado pela ex-rainha de bateria, sua mãe Cristina e seu irmão Diego era promover a inclusão social de jovens, utilizando a música como carro-chefe.

Sem espaço definitivo, o projeto que começou nos sinais de trânsito da cidade foi levado no ano seguinte para a porta da casa de Raissa. O número de participantes triplicou e o som alto dos instrumentos incomodou os vizinhos. Era hora de mudar de novo.

Foi aí que começaram a buscar um espaço mais adequado. Após as dificuldades iniciais conseguiram ocupar um local que funcionou como escola. Lá foram desenvolvidas aulas de percussão, samba e música. Foi aí que decidiram transformar o projeto em ONG, cujo nome é uma junção da primeira sílaba dos nomes dos dois irmãos, sendo que o "I" de Raissa foi substituído pelo "Y".

Tudo estava indo bem até que o espaço onde funcionava as atividades foi vendidos e a ONG teve de buscar um novo endereço. Com a ajuda de parceiros conseguiram chegar ao local que funciona até hoje. Já com o nome de Espaço Cultural Raydi, passou a oferecer também aulas de balé, teatro, jiu-jitsu e acompanhamento psicológico. Também oferece atendimento médico e a partir do ano que vem planeja ampliar a atuação na área esportiva.