Justiça

Tentativa de golpe: Bolsonaro soma terceiro indiciamento após deixar a Presidência; veja quais

PF aponta participação de ex-presidente e outras 36 pessoas em ação para a ruptura institucional após a vitória de Lula em 2022

O ex-presidente Jair Bolsonaro - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, realizado pela Polícia Federal (PF), foi o terceiro ocorrido após ele deixar a Presidência. Também neste ano, a PF já havia apontado sua participação em dois outros supostos esquemas: de fraude em cartões de vacinação e de vendas de joias desviadas do acervo presidencial.

Em diversas ocasiões, Bolsonaro negou ter cometido crimes relacionados a esses casos. Em maio, durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo ele afirmou sobre a trama golpista:

— O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil — disse o ex-presidente.

Bolsonaro também afirma que a chamada "minuta do golpe", documento que circulou em seu governo com o objetivo de anular o resultado das eleições, era apenas um decreto de estado de defesa, que não poderia ser instituído sem autorização do Parlamento.

O primeiro indiciamento ocorreu em março, devido à suspeita de falsificação em comprovantes de vacina. A PF apontou que Bolsonaro cometeu os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. Também foram indiciados o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas.

Em abril, ao analisar o caso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu solicitar mais apurações, para saber se Bolsonaro utilizou o comprovante falso que foi emitido em seu nome para entrar nos Estados Unidos. A resposta veio no mês passado: o governo dos Estados Unidos informou à PF que não há registros de uso do cartão. Com isso, o caso voltou à PGR. O ex-presidente diz que não se vacinou contra a Covid-19 e que não determinou a emissão do comprovante falso.

— Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final — disse Bolsonaro sobre essa investigação.

Em junho, ocorreu o segundo indiciamento, dessa vez na investigação sobre venda de joias e presentes. Para a PF, Bolsonaro cometeu peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O ex-presidente diz que os itens faziam parte do seu acervo privado, e que foram devolvidos após determinação.

Outras 11 pessoas também foram indiciadas, incluindo novamente Cid, o ex-ministro Bento Albuquerque e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes.

Essa investigação também foi enviada para a PGR. Nos três casos, o órgão terá que decidir se apresenta uma denúncia, pede o arquivamento ou solicita mais diligências, como já fez na apuração sobre o cartão de vacina.

Após uma operação da PF que investigava o caso, os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidnete "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária".

No STF, Bolsonaro também é investigado no inquérito das milícias digitais, que engloba essas três apurações, e na investigação sobre os autores intelectuais do 8 de janeiro. Também nesses casos, o ex-presidente nega as acusações.