Indicado de Trump para secretário de Defesa é acusado de agressão sexual
Pete Hegseth, apresentador da Fox News, teria coagido uma mulher em uma conferência política em Monterey, Califórnia, sete anos atrás
Um relatório policial divulgado na quarta-feira à noite forneceu detalhes gráficos sobre uma acusação de agressão sexual contra Pete Hegseth, escolhido pelo presidente eleito Donald Trump para secretário de Defesa. O relatório também documenta as veementes negações de Hegseth de que ele teria coagido a reclamante a um encontro sexual em uma conferência política em Monterey, Califórnia, sete anos atrás. Hegseth nunca foi acusado de um crime.
De acordo com o relatório, a mulher, cujo nome foi mantido em sigilo, disse à polícia que acabou no quarto de hotel de Hegseth após ele falar na conferência em outubro de 2017, organizada pela Federação de Mulheres Republicanas da Califórnia, no Hyatt Regency Monterey Hotel and Spa.
A mulher, referida ao longo do relatório como Jane Doe, afirmou que Hegseth pegou seu celular, bloqueou a porta do seu quarto de hotel quando ela tentou sair e a agrediu sexualmente, ejaculando em sua barriga.
Ela disse que sua memória estava confusa e que ela havia bebido muito mais álcool do que o habitual ao longo do dia.
Hegseth disse à polícia que ele pediu repetidamente o consentimento da mulher para o sexo, certificando-se de que "ela estava confortável com o que estava acontecendo", incluindo o fato de ele não estar usando preservativo. Imagens de vídeo no hotel, mais cedo naquela noite, mostraram os dois saindo juntos de um bar do hotel, com os braços entrelaçados, disse o relatório.
Ele também afirmou que acreditava que a mulher o havia levado até seu quarto e que não tinha intenção de ter relações sexuais com ela, conforme o relatório.
"Ele pode ter pensado isso com outra pessoa, mas não com Jane Doe", diz o documento.
O advogado de Hegseth disse no domingo que seu cliente pagou uma quantia não revelada à mulher depois que ela ameaçou processá-lo em 2020, simplesmente porque temia perder seu emprego como apresentador da Fox News caso a alegação fosse tornada pública.
A alegação da mulher, cujos detalhes surgiram na semana passada, complicou a intenção de Trump de pôr Hegseth à frente do Departamento de Defesa no próximo ano. Trump disse a seus conselheiros que está apoiando Hegseth, um veterano das guerras no Iraque e no Afeganistão.
Em uma resposta por e-mail ao relatório, Karoline Leavitt, porta-voz da equipe de transição de Trump, disse que ele corroborava o que os advogados de Hegseth haviam afirmado: que o incidente foi completamente investigado e nenhuma acusação foi feita. A declaração descreveu Hegseth como um veterano de combate altamente respeitado e afirmou que Trump "sabe que Pete servirá honoravelmente ao nosso país como secretário de Defesa".
O escritório do procurador da cidade de Monterey divulgou o relatório policial em resposta a pedidos de informações públicas de organizações de mídia. O procurador afirmou que, como o relatório havia sido entregue a Hegseth em março de 2021, ele não era mais considerado privado. O nome da denunciante e de outras pessoas entrevistadas pela polícia foram omitidos.
A mulher afirmou que foi apresentada a Hegseth no final da conferência. Ela disse à polícia que o observou agindo de forma inadequada, incluindo esfregando as pernas de mulheres. Em uma mensagem de texto, ela disse a alguém, cujo nome foi omitido, que ele "estava passando uma vibe de 'pervertido'", de acordo com o relatório.
Ela afirmou que foi com um grupo de mulheres para o Knuckles Sports Bar, anexo ao hotel, e "foi aí que as coisas ficaram confusas". Hegseth também estava no bar, e ela disse que o avisou de que não gostou da forma como ele tratou as mulheres na conferência.
A mulher disse à polícia que não se lembrava de quantos drinks alcoólicos havia consumido ali, mas se recordava do bartender lhe entregando uma bebida. Ela mais tarde contou a uma enfermeira do hospital que acreditava que "algo" poderia ter sido colocado em sua bebida, pois sua memória dos acontecimentos da noite estava muito vaga.
Uma testemunha disse à polícia que a mulher estava flertando com Hegseth. Mas outra afirmou à polícia que Hegseth agiu de forma agressiva em relação à reclamante, e que esperava que a presença dela o desestimulasse. Essa outra mulher disse que Hegseth colocou a mão em seu joelho e, apesar de suas objeções, a convidou para voltar ao seu quarto de hotel.
Após sair do bar, Hegseth e a reclamante caminharam juntos até a piscina. As imagens de vídeo mostraram que seus braços estavam entrelaçados e ela sorria, de acordo com o relatório. Mais tarde, outros hóspedes do hotel se queixaram de uma perturbação na piscina.
Um membro da equipe do hotel disse que ele estava xingando, "muito embriagado", e insistia que estava exercendo seu direito à liberdade de expressão. A mulher, que não parecia estar bêbada, colocou a mão nas costas de Hegseth e o levou de volta ao hotel, disse o membro da equipe.
A reclamante disse às autoridades que não se lembrava de como chegou ao quarto de hotel de Hegseth ou se houve penetração. "Jane Doe se lembrou de dizer 'não' várias vezes", dizia o relatório policial. "Jane Doe afirmou que não se lembrava de muito mais."
A mulher disse à polícia que se lembrava de ver as "dog tags" (identificação militar) de Hegseth penduradas em seu pescoço enquanto ele estava sobre ela. Após Hegseth ejacular, ela disse que ele lhe pediu para "limpar", e ela conseguiu encontrar o caminho de volta ao seu quarto de hotel.
Hegseth disse à polícia que estava "meio bêbado" mas não totalmente embriagado naquela noite. Ele afirmou que não se lembrava da interação com o membro da equipe do hotel. Disse que achou "estranho" que ela tenha permanecido ali, já que ele não tinha intenção de ter relações sexuais com ela.
Conforme o encontro sexual progredia, ele disse à polícia, "sempre" havia conversa. "Ele não queria que Jane Doe se metesse em problemas", o relatório diz que ele relatou à polícia.
Ele afirmou que a mulher disse que contaria ao marido, que também estava hospedado no hotel, que ela havia adormecido no sofá do quarto de outra pessoa. Hegseth disse que lhe garantiu que ela não precisaria se preocupar com ele falando sobre o encontro e que ela "demonstrou sinais precoces de arrependimento".
A queixa inicialmente veio de um hospital que a mulher visitou quatro dias após o encontro sexual, solicitando um exame de agressão sexual. Devido à natureza das alegações, a enfermeira que atendeu a mulher foi obrigada a comunicar a visita às autoridades policiais.
O relatório policial descreveu o suposto crime como "Estupro: Vítima inconsciente quanto à natureza do ato", e recomendou que o caso fosse encaminhado ao escritório do promotor de Justiça do Condado de Monterey para revisão.