Gaetz

Após desistência de Gaetz, Trump indica Pam Bondi para o cargo de secretária de Justiça

Bondi serviu na equipe jurídica de Trump durante seu primeiro impeachment

Pam Bondi, ex-procuradora-geral da Flórida - Reprodução/Internet

Horas após sua escolha original para o cargo de secretário de Justiça, Matt Gaetz, ter desistido da indicação, o presidente eleito Donald Trump anunciou que vai nomear Pam Bondi, ex-procuradora-geral da Flórida, para o posto. Bondi serviu na equipe jurídica de Trump durante seu primeiro impeachment.

"Pam foi promotora por quase 20 anos, sendo muito dura com criminosos violentos e tornou as ruas seguras para as famílias da Flórida. Então, como a primeira procuradora-geral mulher da Flórida, ela trabalhou para impedir o tráfico de drogas mortais e reduzir a tragédia das mortes por overdose de fentanil, que destruíram muitas famílias em nosso país. Ela fez um trabalho tão incrível que a pedi para servir em nossa Comissão de Abuso de Opioides e Drogas durante meu primeiro mandato — salvamos muitas vidas!", disse Trump em uma declaração no Truth Social, sua rede social.

Aliada de longa data de Trump, Bondi foi uma de suas advogadas no primeiro julgamento de impeachment, onde ele foi acusado de abuso de poder — mas não condenado. 

Segundo a Associated Press, ela também apoiou o republicano em seu julgamento criminal por suborno da ex-atriz pornô Stormy Daniels, em Nova York, que resultou em uma condenação.

Além disso, Bondi é presidente do America First Policy Institute, um think tank fundado por ex-integrantes da administração Trump.

Denúncias de má conduta
Mais cedo, Gaetz, ex-deputado republicano, desistiu da indicação em meio a denúncias de má conduta sexual e uso de drogas ilícitas, que levaram a uma investigação pelo Conselho de Ética da Câmara. A decisão veio após uma reunião com alguns dos senadores que seriam os responsáveis por sua confirmação no cargo.

A pessoas próximas, ele explicou que, segundo o New York Times, ao menos quatro senadores republicanos se opunham implacavelmente à sua indicação — Lisa Murkowski, do Alasca, Susan Collins, do Maine, Mitch McConnell, do Kentucky, e John Curtis, de Utah — e que não queria entrar em uma batalha de confirmação prolongada e atrasar a posse do secretário de Justiça de Trump.

Um dos expoentes do trumpismo, Gaetz teve a carreira parlamentar marcada por uma longa série de denúncias incluindo má conduta sexual — na quarta-feira, a rede CNN revelou a existência de "múltiplas fotos" de mulheres que dizem ter sido pagas para fazer sexo com ele —, uso de drogas ilícitas, compartilhamento de imagens inapropriadas no plenário e uso de fundos de campanha para benefício próprio.

A Comissão de Ética da Câmara o investigava desde 2021, e entrevistou algumas dezenas de testemunhas, emitiu 25 intimações e revisou milhares de páginas de documentos — o inquérito foi suspenso enquanto o mesmo Departamento de Justiça que ele planejava comandar realizava uma investigação por suposto tráfico sexual e por ter mantido relações sexuais com uma menor de idade, mas o caso foi arquivado, abrindo caminho para a Comissão de Ética prosseguir com o trabalho.

Contudo, Gaetz renunciou ao mandato na semana passada, e na noite de quarta-feira os republicanos na Câmara barraram a divulgação pública do relatório do Conselho de Ética, cujo trabalho o ex-deputado havia chamado de "desconfortavelmente intrometido" e reclamado que envolvia perguntas sobre detalhes de sua atividade sexual.

"As atividades sexuais legais e consensuais de adultos não são da conta do Congresso", escreveu em uma carta pública divulgada em setembro.

Não está claro também se Gaetz poderá retornar à Câmara no próximo ano, já que abdicou do cargo de secretário de Justiça. Considerando a maneira como ele elaborou cuidadosamente sua carta de renúncia no início do mês, várias fontes disseram à CNN que talvez não haja nada que o impeça de tomar posse no início do próximo Congresso. No entanto, Gaetz disse na carta que "não pretende fazer o juramento de posse" em janeiro.

Indicações controversas
Gaetz foi uma das várias indicações controversas de Trump, incluindo o apresentador da Fox News Pete Hegseth como secretário de Defesa, o antivacinas Robert Kennedy Jr. como secretário de Saúde, e o bilionário Elon Musk para chefiar uma unidade de corte de custos do governo.

A última turbulência na transição de governo ocorreu quando surgiram novos detalhes sombrios sobre o indicado para a Defesa, Hegseth. Ele foi investigado por agressão sexual após a queixa de uma mulher não identificada em uma conferência de 2017 na Califórnia.

O New York Times relatou detalhes da investigação policial, que foi encerrada sem que Hegseth fosse acusado. A mulher casada disse aos policiais que sofreu perda de memória e achava que sua bebida poderia ter sido adulterada, enquanto Hegseth disse que o encontro foi consensual.