Comprador de arte de "banana colada com fita" de R$ 35 milhões promete comer fruta; saiba quem é
Justin Sun é pioneiro no mercado cripto e competiu com outros seis participantes por obra conceitual do italiano Maurizio Cattelan em leilão da Sotheby's
Justin Sun, fundador da plataforma de criptomoeda Tron, afirmou ser o comprador da obra do artista conceitual italiano Maurizio Cattelan conhecida como "banana colada com fita adesiva".
O executivo de 34 anos arrematou por US$ 6,2 milhões (R$ 35,7 milhões) a peça, que já foi mordida duas vezes em protestos e ações passados, num leilão de arte em Nova York, na noite desta quarta-feira.
"Isso não é apenas arte. Representa um fenômeno cultural que cria pontes entre os mundos da arte, dos memes e da comunidade das criptomoedas", disse o empresário de Xining (China), em comunicado da casa de leilões Sotheby's.
O sino-americano prometeu “comer pessoalmente a banana como parte desta experiência artística única, honrando seu lugar tanto na história da arte quanto na cultura popular”.
O empresário fez fortuna no mundo da tecnologia. No começo da carreira, foi "apadrinhado" pelo bilionário chinês Jack Ma, que o escolheu para cursar a Universidade Hupan.
Nascido em 1990 em Xining, Justin Sun é hoje empresário e diplomata residente em Genebra.
Em dezembro de 2021, aposentou-se como CEO da Tron para se tornar o Representante Permanente de Granada na Organização Mundial do Comércio (OMC) até 2023.
Este ano foi eleito “presidente do Congresso” e nomeado “primeiro-ministro da Liberlândia”, um país autoproclamado independente em 2015 que afirma possuir (mas não controlar) uma pequena região localizada na margem ocidental do rio Danúbio, medindo sete quilômetros quadrados, na fronteira entre a Sérvia e a Croácia.
O empresário também foi criador do aplicativo social móvel Peiwo e representante da Ripple na China, mas tornou-se conhecido mundialmente por participar de leilões de NFTs (tokens não fungíveis) e por fundar a criptomoeda Tron — ele deixou o cargo para fazer do negócio uma blockchain 100% descentralizada e governada pelos usuários.
Formado em História pela Universidade de Pequim, com mestrado em Estudos do Leste Asiático pela Universidade da Pensilvânia, Justin Sun desde cedo se interessou por criptomoedas e investiu em bitcoins.
Em 2023, ele foi processado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, que alegou que Sun e suas empresas haviam se envolvido em atividades fraudulentas para inflacionar o preço dos tokens Tron e BTT e na venda de títulos não registrados.
Justin Sun foi o licitante anônimo que pagou US$ 28 milhões num leilão para ir com Jeff Bezos na primeira missão tripulada da Blue Origin ao espaço.
Seria o primeiro pagante a integrar a experiência. No entanto, perdeu o lançamento por um conflito de agenda.
Segundo a ArtNews, Sun comprou no leilão de arte moderna e contemporânea da Christie's em Londres a obra Femme Nue Couchée au Collier (Marie-Thérèse), um retrato de Marie-Thérèse Walter pintado por Pablo Picasso em 1932, por 14,5 milhões de libras esterlinas.
Além disso, adquiriu três autorretratos de 1986 de Andy Warhol por 1,5 milhão de libras. Mais tarde, ele anunciou que eles seriam registrados digitalmente no blockchain por meio de um novo fundo intitulado JUST NFT.
Banana com fita à venda
Na casa de leilões Sotheby’s, sete compradores ou seus representantes competiram para adquirir a peça intitulada “Comediante”, uma banana pendurada na parede com a ajuda de um grande pedaço de fita prateada.
Depois de vários minutos, o preço subiu de US$ 800 mil para US$ 5,2 milhões – ou US$ 6,2 milhões com taxas adicionadas –, quando o martelo foi batido.
Justin Sun já havia se destacado no segmento por adquirir uma escultura de Alberto Giacometti, “O Nariz”, em 2021 por US$ 78,4 milhões.
A famosa banana prometia ser uma das estrelas da semana de leilões de outono de Nova York.
Segundo sua descrição, a obra do iconoclasta e provocador Cattelan, da qual existem três exemplares, questiona a noção de arte e seu valor.
Ela tem causado muita polêmica desde sua primeira exposição em 2019 em Miami, onde outro artista a atacou para denunciar seu preço, que era então de US$ 120 mil.
A cópia restante foi doada ao Museu Guggenheim de Nova York.
A Sotheby's havia definido na quarta-feira sua estimativa para a peça entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão.
As condições de venda incluem certificado de autenticidade e instruções de substituição da fruta.
"Comediante" superou em valor outra obra notável em leilão, "Oval Office (Studio)", do ícone da pop art norte-americana Roy Lichtenstein, que foi arrematado por US$ 4,2 milhões.