MANDADO

Orbán anuncia que convidará Netanyahu à Hungria para 'desafiar' ordem de prisão do TPI

Netanyahu, por sua vez, agradeceu ao seu colega húngaro por sua demonstração de 'clareza moral' após convidá-lo para uma visita

Benjamin Netanyahu - Ohad Zwigenberg / POOL / AFP

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, cujo país ocupa a presidência semestral da União Europeia, anunciou nesta sexta-feira que convidaria o seu homólogo israelense, Benjamin Netanyahu, para protestar contra a ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Depois de mais de um ano de guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, o TPI emitiu na quinta-feira mandados de prisão para Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, assim como para o chefe militar do movimento islamista palestino Mohammed Deif, por crimes de guerra e crimes contra a Humanidade.

— Não temos outra escolha senão contestar esta decisão. Vou convidar [Netanyahu para a Hungria], onde posso garantir-lhe que a decisão do TPI não terá efeito — declarou em uma entrevista à rádio estatal.

Segundo o líder nacionalista, apoiador incondicional de Netanyahu, esta é uma "decisão descarada, disfarçada de decisão jurídica" que leva a "um descrédito do direito internacional".

Netanyahu, por sua vez, agradeceu ao seu colega húngaro por sua demonstração de "clareza moral" após convidá-lo para uma visita.

"Diante da vergonhosa fraqueza daqueles que apoiaram a decisão ultrajante contra o direito do Estado de Israel de se defender, a Hungria" está "ao lado da justiça e da verdade", disse Netanyahu em uma declaração.

O gabinete de Netanyahu também publicou o que eles disseram ser uma carta de Orbán enviada na sexta-feira, na qual ele disse que ficou chocado ao saber da atitude "vergonhosa" do Tribunal Penal Internacional.

"A Hungria condena veementemente esta decisão vergonhosa, que não tem impacto algum na aliança e amizade húngaro-israelense", disse Orbán na carta, acrescentando que "Israel tem todo o direito de se defender contra qualquer ameaça".

Descrita como "escandalosa" pelo presidente dos EUA, Joe Biden, a decisão limita os movimentos de ambos os responsáveis israelenses, uma vez que, a princípio, qualquer um dos 124 Estados-membros do tribunal seria obrigado a prendê-los caso entrassem no seu território.

A Hungria assinou o Estatuto de Roma, um tratado internacional que criou o TPI, em 1999 e ratificou-o dois anos depois, durante o primeiro mandato de Viktor Orbán. Por outro lado, não validou a convenção associada por razões constitucionais e afirma que não é obrigada a obedecer às decisões da jurisdição sediada em Haia.

O país da Europa central também disse em março de 2023 que não entregaria o presidente russo, Vladimir Putin, ao TPI se ele viajasse para a Hungria. Orbán é o único líder da UE que manteve laços com o Kremlin desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

Desde que assumiu a presidência semestral do Conselho da UE, em julho, Orbán multiplicou as "provocações", segundo os seus homólogos europeus, especialmente com a sua visita não anunciada a Moscou em julho.