MARANHÃO

Nomeações de parentes afastou Dino de governador que não foi convidado para seu casamento; entenda

Presença de 11 familiares de Carlos Brandão em sua gestão no Maranhão gerou desconforto com articuladores do ministro do STF no estado

Carlos Brandão e Flávio Dino - Tom Costas/divulgação

Muito antes de não convidar o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), para seu casamento, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, vinha costurando um afastamento com seu ex-aliado nos bastidores. Uma das principais divergências entre os dois foi causada pela nomeação de 16 parentes de Brandão na gestão estadual.

O caso é, inclusive, analisado pela Suprema Corte, na relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que já determinou a demissão de cinco deles. Os demais onze aguardam análise.

Mesmo antes do tema chegar ao STF, articuladores de Dino questionavam as indicações nos bastidores. Nesta linha de possíveis favorecimentos, dois casos para além dos escalões se tornaram emblemáticos para mais incômodos.

As rusgas começaram logo após Brandão assumir o Executivo, durante as eleições da Assembleia Legislativa. Dino havia costurado um acordo para reeleger Othelino Neto (PCdoB), que é marido de sua antiga suplente no senado, a hoje senadora Ana Paula Lobato.

Brandão insistiu na candidatura de Iracema Vale que, posteriormente, fez dois movimentos favoráveis a familiares do governador: conduziu a votação que tornou o sobrinho, Daniel, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), posteriormente vetada pela Justiça, e indicou o irmão, Marcus, para a diretoria de Relações Institucionais da Casa.

Este irmão é ponto chave em outro incômodo entre Dino e Brandão —aproximação do governador com a direita, incluindo até mesmo o PL. Marcus hoje é presidente estadual do MDB, que abriga a família Sarney. Desafetos de Dino por anos, o clã esteve com o ministro na última eleição que disputou, em 2022.

O destaque dado a Marcus prejudicou um aliado de Dino, o vice-governador e seu ex-secretário Felipe Camarão (PT). Um acordo inicial previa que Brandão renunciaria para que Camarão pudesse concorrer ao governo do estado em 2026 já ocupando a máquina.

O governador, contudo, não dá como certo que quer o petista enquanto seu sucessor e tenta postergar, a todo custo, a decisão. Quem desponta como favorito para o cargo é justamente seu sobrinho, Orleans, que é filho de Marcus.

Convite para o casamento
Como reflexo do afastamento, Brandão não foi convidado para o casamento de Dino no próximo sábado. Em união estável com Daniela Lima desde 2011, o ministro não chegou a realizar uma festa.

Apesar de outros políticos terem sido convidados, articuladores de Dino minimizam a ausência de Brandão, afirmando que trata-se de uma cerimônia familiar. A notícia do não convite ao governador foi inicialmente divulgada pelo portal Metrópoles e confirmada, em seguida, pelo GLOBO.

Brandão e Dino tem evitado, inclusive, encontros. Após terem trabalhado juntos por sete anos, os dois frequentaram o mesmo ambiente apenas duas vezes neste ano: na posse do ministro no STF e no casamento do secretário-chefe da Casa Civil do Maranhão, Sebastião Madeira, no qual ambos foram padrinhos.

A expectativa de aliados é que os dois tenham um encontro no próximo mês para discutir, justamente, a sucessão. Articuladores de Dino nutrem a esperança de que uma indicação de Camarão possa reverter o cenário de crise.