Lula fala em programa para construir banheiros e cutuca Fazenda: "Depois não digam que isso é gasto"
Declaração ocorre após a finalização do pacote de corte de despesas públicos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta terça-feira, ter pedido um programa de construção de banheiros para as famílias que ainda não possuem um ao ministro das Cidades, Jader Filho. Na última semana, um levantamento do Instituto Trata Brasil mostrou que mais de 4 milhões de brasileiros não têm banheiro dentro de casa.
A declaração foi feita na abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), em Brasília. Lula ainda afirmou que "não faltará crédito para fazer casas nesse país" e cutucou o Ministério da Fazenda:
— Eu fico imaginando como é que pode ter 4 milhões de pessoas que não têm banheiro. Falei para o Jader: pode preparar um programa porque nós vamos fazer os banheiros que as pessoas precisam. E eu vou te falar, Guilherme (Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda), depois não venha a Fazenda dizer isso é gasto. Isso não é gasto, é respeito, é decência. Vamos fazer 4 milhões de banheiros para as pessoas.
A fala ocorre após a finalização do pacote de corte de gastos públicos, que visa dar sustentabilidade ao arcabouço fiscal. O pacote deve ser apresentado hoje aos líderes do governo no Congresso, antes de ser anunciado.
Os detalhes do texto e ajustes foram discutidas em duas reuniões ontem no Palácio do Planalto com Lula e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação).
Levantamento revelado pelo Jornal Nacional, no último sábado mostra que 63% dos brasileiros que não têm acesso a banheiro moram na região Nordeste.
O presidente também criticou o excesso de burocracias e lentidão na elaboração de políticas públicas no governo.
— Entre contratar e começar a fazer, é outro pequeno problema do tamanho do Oceano Atlântico.Tem toda uma burocracia, mesmo no meio empresarial, para vencer barreiras, para fazer canteiro, para fazer licenciamento. É um verdadeiro inferno para você fazer as coisas andarem nesse país. Eu digo sempre, a gente tem uma pessoa para tentar fazer um projeto e dez pessoas para dizerem que não vai dar certo — disse.