Tentativa de golpe: saiba tudo o que Bolsonaro falou desde que foi indiciado pela PF
"Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar", afirmou ex-presidente
Desde que foi indiciado pela Polícia Federal na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem negado envolvimento em qualquer discussão sobre tentativa de golpe no fim de seu governo.
Em entrevistas e postagens em redes sociais, ele tem afirmado ser alvo de "perseguição política", pois nunca debateu medida que não estivesse prevista na Constituição. Ele também tem críticado o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
A primeira manifestação do ex-presidente foi ao portal Metrópoles, na quinta-feira, quando foi indiciado.
— O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei — afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente também pontuou que "é na PGR que começa a luta":
— Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar.
Pouco depois de o Metrópoles publicar a declaração, Bolsonaro postou o mesmo teor em suas redes sociais:
Após o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR), para onde o inquérito da PF será remetido pelo próprio Moraes, caberá ao ministro decidir o futuro dos indiciados e eventualmente denunciados, se houver.
Os crimes atribuídos pela Polícia Federal a Bolsonaro no inquérito que aponta uma tentativa de golpe no país podem chegar a 30 anos de prisão como pena máxima. Para a polícia, o ex-presidente, ex-ministros e aliados atuaram para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a eleição de 2022.
Entrevista no aeroporto
Nesta segunda-feira, ao desembarcar em Brasília, Bolsonaro também deu uma entrevista a jornalistas ao lado de seus advogados. Na ocasião, voltou a negar participação em discussões sobre o assunto e atribuiu a conclusão do caso à "perseguição política".
— Nunca debati golpe com ninguém. Se alguém viesse falar de golpe comigo, eu perguntaria: "E o day after? Como a gente fica perante o mundo?". A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá pra resolver tudo nas quatro linhas — afirmou o ex-presidente ao desembarcar em Brasília após uma temporada em Alagoas.
Questionado se temia ser preso por causa das investigações, o presidente afirmou que pode ser detido a qualquer momento. Na semana passada, a PF deteve quatro generais e um agente da própria polícia federal suspeitos de tramar um golpe.
— Eu posso ser preso agora, ao sair daqui (do aeroporto) —disse.
Em relação ao PL da Anistia, que pode beneficiar condenados pela invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro, Bolsonaro diz acreditar que um colegiado que discutirá o texto do projeto será pautado neste ano. Ele conta com um acordo feito com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
— Não havia clima para aprovar no plenário da Câmara, então a ideia é que passe em uma comissão especial. O meu indiciamento não tem nada a ver com isto, são coisas diferentes.