Relatório do PL sobre urnas era para alimentar manifestações e pressionar Exército a aderir ao golpe
Partido pediu a anulação de votos de milhares de urnas após a derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022
No relatório final do inquérito que apurou uma tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal (PF) aponta que o parecer do Partido Liberal (PL) que pediu a anulação de votos de urnas eletrônicas após o segundo turno das eleições de 2022 serviria para alimentar manifestações antidemocráticas em frente a quartéis-generais do Exército e pressionar o alto comando do Exército a aderir ao golpe de Estado.
Conforme a PF, o parecer visava, ainda, criar “o substrato técnico que serviria de premissa para a decretação do Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral, como forma de averiguar as acusações formalizadas pelo Partido Liberal e rechaçada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”.
A PF apontou no relatório final que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, agiram de maneira dolosa — ou seja, com intenção — ao peticionar na Justiça Eleitoral o parecer pedindo a invalidação dos votos de milhares de urnas. A PF indiciou os dois e outras 35 pessoas, a maioria militares, por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
Conforme a PF, análise do conteúdo dos dispositivos apreendidos com um dos investigados "trouxe novos elementos de prova que demonstraram a atuação dolosa" de Bolsonaro, Valdemar e de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, dono do Instituto Voto Legal, no ato de peticionamento da representação eleitoral.
"Os investigados tinham plena ciência de que os 'argumentos técnicos', que serviram de fundamento para a ação, eram falsos, não provando qualquer fraude ou irregularidade no sistema das urnas eletrônicas, que desacreditasse o pleito realizado em outubro de 2022", pontuou a PF.