Entidade que representa o agro no Brasil entrará na União Europeia com ação contra Carrefour
CNA entrará com reclamação formal no bloco europeu, por violação das regras de defesa da concorrência
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) decidiu, nesta terça-feira, adotar medidas junto à União Europeia (UE) contra o Grupo Carrefour e demais empresas francesas, que anunciaram que deixariam de comprar carne de países do Mercosul, incluindo o Brasil.
Segundo a entidade, os produtores brasileiros foram atingidos por informações falsas.
A entidade informou que vai acionar seu escritório de advocacia em Bruxelas, sede da UE, na Bélgica, para avaliar que medidas serão tomadas.
Uma delas, já dada como certa, será formalizar uma reclamação junto aos órgãos da União Europeia, para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado.
Outras ações serão avaliadas, incluindo recorrer à Justiça, para compensar os produtores nacionais.
— Nós fomos surpreendidos pela atitude do Carrefour e outras empresas que, de uma hora para outra, procuraram mostrar uma imagem de que a carne que estamos colocando na Europa não é uma carne de qualidade, não atende aos padrões europeus. Isso não é verdade, porque o Brasil se tornou o maior exportador do mundo, não só atendemos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio como também China e países asiáticos — afirmou o presidente da CNA, João Martins.
De acordo com o presidente da CNA, a atitude dessas empresas pode caracterizar uma violação das regras de defesa da concorrência do bloco europeu.
— Diante dessa acusação, nos vimos obrigados a buscar nosso escritório em Bruxelas e nosso escritório de advocacia que nos atende em Bruxelas para entrar com as ações devidas para buscar esclarecimento da verdade” — disse Martins.
Na semana passada, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, declarou que iria deixar de comprar carnes vendidas por países do Mercosul, inclusive o Brasil.
A declaração provocou forte reação de frigoríficos brasileiros, que ameaçaram suspender o fornecimento dos produtos aos supermercados da rede, e da bancada do agronegócio no Congresso que, com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer votar um projeto de lei que prevê a reciprocidade no tratamento dado a produtos importados.
Na manhã desta terça-feira, o Carrefour fez uma retratação, em carta enviada ao Ministério da Agricultura. O secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Luis Rua, afirmou que, com o pedido de desculpa, a situação volta à normalidade.