Exposição

O Auto de Ariano: conversa com o criador da maior exposição imersiva sobre o escritor

A partir de sexta-feira (29), o público pernambucano vai mergulhar na história de Ariano Suassuna em uma mostra que conta a sua história e seus amores

Jader França, diretor-geral da Exposiçãoi - Divulgação

Ao contrário do mestre e escritor Ariano Suassuna (1927-2014), Jader França nasceu em Pernambuco, mas vive na Paraíba. Mas, de forma semelhante ao autor do Auto da Compadecida, o fundador da galeria de arte Luzzco, é um criador.

Das 14 campanhas políticas que comandou este ano à exposição imersiva sobre o paraibano/pernambucano que nos deixou há 10 anos, Jader mostra o tanto que a sua inquietude produz.

O resultado da união desses dois nordestinos pode ser vista a partir da próxima sexta-feira (29), quando “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso” entra em cartaz no shopping Riomar. 

Na véspera da abertura oficial da exposição para jornalistas e convidados, que acontece nesta quinta-feira (28), conversamos um pouco com Jader sobre a iniciativa e a sua expectativa em relação ao público pernambucano: 

Como foi a ideia de criar a exposição?
A ideia da construção da exposição de Ariano surgiu antes mesmo da origem da Luzzco (galeria de arte imersiva inaugurada por Jader em João Pessoa em agosto de 2023).  Há um ano e meio atrás que eu procurei Rafael Laurentino (coordenador de operações da Luzzco) e João Suassuna (neto de Ariano). E disse a eles que visitei um museu imersivo fora do País e acho muito injusto um artista brasileiro como Ariano não ter uma exposição desse tipo sobre ele. Confesso que, naquele momento, eu não sabia nem como se construir aquilo tudo. Mas como Ariana dizia que ele juntava as pedras e que dava as pedras para juntar, então juntou todo mundo e fez acontecer isso em menos de um ano.

O que vocês trazem para o Recife com o “Auto de Ariano”?
Fizemos uma exposição experimental em João Pessoa e, agora, ela chega em sua plenitude. São 13 salas, com 1.200 m², e com 40 minutos com de um curta com projeções falando sobre a história de vida dele e sobre as obras dele. 

Qual o sentimento que você percebeu no público da Paraíba e o que você espera do público pernambucano?
Eu quero falar sobre o que une os dois. O que o povo da Paraíba teve e que o povo de Pernambuco vai ter também é emoção. Em vários momentos, quando terminava a sessão da exposição, eu via pessoas chorando e agradecendo por viver aquilo. Isso mostra que a gente cumpre o nosso papel de não mostrar só Ariano como artista, mas também o Ariano gente como a gente, Ariano pai, irmão, esposo e isso é uma emoção muito grande pra gente. É uma responsabilidade enorme pegar a obra de um de um mestre tão grande e transformar ela para um formato diferente. E aí, a gente vê que a gente expectativas estão sendo atendidas. Mas eu acredito que o pernambucano vai dar um abraço mais caloroso à exposição porque vivenciaram situações mais próximas de Ariano.

Na exposição, vocês quiseram dar umas atenção especial a Dona Zélia Suassuna. Como foi feito isso? 
No momento da pesquisa, em uma conversa com Dantas (Suassuna, artista plático e filho de Ariano) e com João (Suassuna), a gente escutou a história de Dona Zélia afundo e o quanto ela foi importante na vida de Ariano. Naquele momento, a gente saiu de lá definindo que o que vai permear a a exposição de Ariano é o amor dele por Dona Zélia e também por outras coisas. O fio condutor dessa exposição toda é o amor dele por Dona Zélia. E esse amor aflora o reconhecimento pelo pai, a literatura, a dramaturgia, o romancismo, a academia, ele como pessoa, como gênio e como gente.

A exposição acontece quando se completa 10 anos da partida de Ariano. O que essa data representa para Jader?
Ariano não morreu, né? Ele se encantou. Então é Ariano vive. Ariano está presente e encantado. Então, no dia da inauguração, ele vai estar presente com a gente, ele vai estar vivo mais do que nunca. O que eu trago de Ariano na minha vida é que, como um bom nordestino, como um pernambucano/paraibano que sou, é de regar a nossa aldeia que ela será universal. A gente não precisa mudar nosso origem, a nossa identidade para ser maior ou para ser melhor. Somos o melhor sim que fazemos em qualquer lugar. Precisamos ter determinação. E é isso que Ariano mostra mostra de maneira muito claro e com leveza. Seja leve naquilo que você quer retornar a realidade e transformar e que você vai chegar lá.