combustível verde

Petrobras terá primeira fábrica de metanol verde, combustível usado em navios, do Brasil

Combustível é produzido a partir da combinação de hidrogênio gerado a partir de fontes renováveis, como solar ou eólica, com CO2 biogênico. Unidade, em parceria com empresa norueguesa, será no Nordeste

O hidrogênio de baixo carbono pode sair mais barato do que a produção do hidrogênio verde, que usa muita energia para ser produzido - Foto: Ari Versiani/EDP/Divulgação

Após anunciar a volta da Petrobras ao mercado de etanol, Mauricio Tolmasquim, diretor de Transição Energética da estatal, detalhou o projeto que prevê a construção de uma fábrica de e-metanol no Nordeste. Será a primeira do gênero no Brasil. A estatal anunciou na noite de quarta-feira um acordo para construir uma planta em Pernambuco em parceria com a empresa dinamarquesa European Energy.

O e-metanol é produzido a partir da combinação de hidrogênio verde, gerado a partir de fontes renováveis como solar ou eólica, com CO2 biogênico, proveniente de plantas de etanol ou de aterros sanitários. O e-metanol é um combustível utilizado principalmente em navios.

Tolmasquim participou na manhã desta quinta-feira do seminário “Bélgica/Brasil: Possibilitando a Transição Energética – O Papel dos Portos e a Importância de Parcerias com Indústrias e Formuladores de Políticas”, realizado na Casa Firjan, em Botafogo.

— Estamos conversando com a European Energy, que já possui um processo de produção de e-metanol e está construindo uma planta na Europa. Queremos fazer uma planta ainda maior no Brasil. O que estimulou essa conversa foi o fato de a European Energy já ter contatos com potenciais compradores desse e-metanol. No início, esse produto é mais caro que os combustíveis fósseis, e é necessário um comprador disposto a pagar uma espécie de prêmio — afirmou.

Segundo Tolmasquim, empresas de transporte marítimo de carga na Europa estão interessadas no projeto. Ele explicou que a Petrobras ainda está definindo o tamanho da planta e os investimentos necessários.

Na Dinamarca, a European Energy já desenvolve um projeto semelhante, com construção prevista para 2026. A planta está projetada para produzir mais de 100 mil toneladas de e-metanol anualmente e recebeu um financiamento de € 50 milhões da Comissão Europeia, por meio do Fundo de Inovação da União Europeia.

Hidrogênio verde no Rio Grande do Norte
Recentemente, a Petrobras também anunciou a construção de sua primeira planta-piloto para geração de hidrogênio verde, localizada na Usina Termelétrica do Vale do Açu, em Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte. O projeto está orçado em R$ 90 milhões.

Tolmasquim destacou ainda a entrada da Petrobras no setor de etanol. Segundo ele, a estatal vai se associar a um parceiro que já possui um parque de usinas. Na expansão, a estatal participará como sócia. Ele evitou comentar se há conversas com a Raízen.

— Vamos criar uma terceira empresa, que será dona desses ativos em conjunto. A expansão terá investimento compartilhado. Vamos ficar com, no máximo, 50% dessa empresa. Será uma empresa privada, mas participaremos da gestão — afirmou, descartando que o acordo com o parceiro seja firmado ainda este ano.

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Os investimentos em fontes renováveis fazem parte do novo plano estratégico da Petrobras, que destina US$ 16,3 bilhões a projetos de eficiência energética.

— É importante diversificar a carteira de produtos. Isso não é apenas uma questão reputacional, mas também estratégica. Queremos manter o peso da Petrobras no mercado e crescer em outras formas de energia.

Tolmasquim acrescentou que a estatal também investirá em fontes eólica e solar em terra.

— Estamos analisando essas tecnologias porque já são maduras. O Brasil tem áreas vastas para esses projetos. Estamos buscando parcerias com outras empresas. Essas parcerias ainda não avançaram devido aos nossos critérios rígidos de aprovação, que exigem retorno acima de um mínimo esperado.

Ele também destacou os planos para eólica offshore (em alto-mar), que dependem de um marco regulatório, previsto para votação no Senado na próxima semana.

— Estamos atentos à eólica offshore. Até agora, não destinamos muito capex (investimento) porque ainda não há regulamentação. Contudo, já fizemos pedidos ao Ibama para esses projetos e temos uma parceria com a Equinor.

Prumo assina acordo com emprega belga
O evento integra a missão econômica da Bélgica no Brasil. A Prumo Logística, o Porto do Açu e a empresa belga Sarens assinam nesta quinta-feira um memorando de entendimento para estudar soluções logísticas relacionadas ao transporte de componentes da cadeia de energia eólica offshore no complexo do Açu, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro.

— Queremos combinar logística integrada e nos tornar um hub de operação e manutenção com custos mais competitivos para a indústria eólica offshore no Brasil — afirmou Mauro Andrade, diretor executivo de Desenvolvimento de Negócios da Prumo.

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Os estudos avaliarão as melhores soluções logísticas para o transporte de turbinas, pás e outros componentes fabricados na cadeia de valor da energia eólica offshore. O transporte desses equipamentos exige operações específicas de içamento pesado, transporte especializado e serviços de guindastes.

Carl Sarens, diretor de Soluções Técnicas, Projetos e Engenharia da companhia belga, disse que o acordo representa um passo significativo no desenvolvimento de soluções logísticas para o setor eólico offshore. Esta é a primeira iniciativa da empresa no Brasil.

Além disso, o Porto do Açu amplia investimentos em outras fontes de energia. Em janeiro, obteve licença prévia do Governo do Rio de Janeiro para instalar um hub de hidrogênio e derivados de baixo carbono, com o objetivo de desenvolver uma plataforma integrada de produção de hidrogênio renovável e de baixo carbono, conectada a unidades de produção de amônia e metanol.