Black Friday: Azeite vira estrela no Brasil; entenda o porquê do sucesso nas vendas online
Com preços que variam de R$ 28,99 a R$ 75 por garrafa de 500 ml, o produto se tornou uma oportunidade de ouro para quem busca economizar em tempos de inflação
Entre as inúmeras promoções da Black Friday 2024, um item vem chamando atenção: de 16 a 22 de novembro, o azeite de oliva foi o produto mais vendido no comércio eletrônico brasileiro, segundo a consultoria Ebit|Nielsen. Marcas como Terra de Camões e Andorinhas, líderes na categoria extra virgem, conquistaram o topo das vendas. Mas o que explica o protagonismo do “ouro líquido” em meio a eletrônicos e eletrodomésticos?
Com preços que variam de R$ 28,99 a R$ 75 por garrafa de 500 ml, o azeite se tornou uma oportunidade de ouro para quem busca economizar em tempos de inflação. Essa alta nas vendas reflete uma mudança no comportamento dos consumidores, que não apenas adaptaram seus hábitos às promoções online, mas também começaram a valorizar mais o consumo de alimentos saudáveis, mesmo em tempos de crise.
A seca europeia e o impacto no mercado brasileiro
O aumento expressivo no preço do azeite é atravessado por questões como a crise climática que assolou Portugal e Espanha, principais fornecedores do Brasil, nos últimos três anos. A seca severa reduziu a produção de azeitonas, especialmente na Espanha, onde a colheita caiu de 1,5 milhão de toneladas para cerca de 600 mil entre as safras de 2021/22 e 2022/23. Com a produção nacional ainda insignificante, o Brasil depende das importações desses países, o que o torna vulnerável a flutuações externas.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços do azeite subiram cerca de 50% nos últimos 12 meses. A embalagem de 500 ml, que custava R$ 32,16 em março de 2023, hoje pode ser encontrada por R$ 47,28. Em supermercados, a segurança reforçada com lacres antifurto nas garrafas reflete o status do produto como um artigo de luxo.
Tendências de consumo e oportunidades de mercado
O crescimento de 31,5% nas vendas de alimentos e bebidas em relação ao ano anterior demonstra que os consumidores brasileiros estão se adaptando à alta dos preços com estratégias inteligentes, aproveitando a Black Friday para estocar produtos básicos. A pesquisa da Ebit|Nielsen aponta que, em 2024, 25% das pessoas preferem diluir as compras ao longo do mês, evitando o congestionamento da sexta-feira de descontos. Isso representa uma mudança cultural significativa, impulsionada pela digitalização e pelas necessidades econômicas.
A perspectiva de queda nos preços do azeite é otimista, mas não imediata. A safra europeia de 2024/25 começou em outubro e deve aumentar a produção em até 32%, conforme a Comissão Europeia. No entanto, a recuperação efetiva no Brasil está prevista para 2025, quando essa safra entrar plenamente no mercado. Até lá, o consumidor precisa estar atento às promoções, especialmente em datas como a Black Friday.