FEMINICÍDIO

MPPE oferece denúncia criminal contra suspeito de assassinar servidora no Cabo; relembre o caso

Cleber foi denunciado pelo crime de feminicídio que tem pena de reclusão de 20 a 40 anos

Tamires de Almeida, vítima de feminicídio, era servidora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Reprodução/Redes sociais

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal do Cabo de Santo Agostinho, comunicou, nesta sexta-feira (29), que ofereceu uma denúncia em desfavor de Cleber José dos Santos, de 33 anos. O homem é suspeito de ter assassinado a servidora pública Tamires de Almeida, de 34 anos. 

Segundo o MPPE, a denúncia realizada contra Cleber foi pelo crime de feminicídio, tipificado no artigo 121-A do Código Penal Brasileiro, que tem pena de reclusão de 20 a 40 anos.

A denúncia foi ofertada pela promotora Eliane Gaia, e deverá ser analisada em breve.

Relembre o caso
A servidora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que atuava como assistente em administração e era lotada no Hospital das Clínicas, foi vítima de feminicídio no dia 12 de novembro deste ano.

A mulher foi encontrada morta dentro da própria casa com perfurações de arma branca. Cleber, que era companheiro da vítima, foi preso em flagrante pela Polícia Militar de Pernambuco e é o principal suspeito pelo crime.

O assassinato aconteceu na residência de Tamires, localizada em Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife.

Segundo a família da vítima, a servidora já havia tentado terminar o relacionamento que começou pela internet e durou oito anos.

“O relacionamento já começou com ele mentindo, mostrando ser alguém que não era. Ele usou as fotos de um parente para conversar com ela e, por muito tempo, ficou evitando conhecê-la pessoalmente”, contou uma parente da vítima.

No início, o homem chegou a se apresentar como prestativo. No entanto, modificou seu comportamento com o passar do tempo.

“Quando ele chegou, foi bem recebido pela nossa família. Em todo início de relacionamento as pessoas se mostram prestativas. Mas, com o passar do tempo, vão mostrando quem realmente são, e foi isso que aconteceu. De uns tempos pra cá, a família (principalmente os pais, que já são idosos) passou apenas a aturá-lo, por medo de ela querer ir embora com ele”, relatou a mulher. 

Descrito como bruto e perverso, Cleber chegou a perseguir Tamires. 

“Os pais se submetiam a aceitar a presença dele dentro da casa em atenção a ela. Ela sempre foi uma menina boa, estudiosa, preocupada com os pais, uma menina doce… e eles temiam perdê-la para uma pessoa como ele. Assim, quando acabou, ele continuou arrumando pretextos para estar sempre por lá”, afirmou a prima.

De acordo com a prima de Tamires, Cleber teria usado o seu poder de persuasão para levar a mulher até a casa de veraneio da família, em Enseada dos Corais. 

“Se ela foi com ele, nós acreditamos que deve ter sido sob ameaça, pois ela sempre avisava quando ia viajar, e dessa vez ela não falou nada sobre a viagem”, disse. 

A família também acredita que o crime tenha sido premeditado. No momento do assassinato, os vizinhos ouviram os gritos de Tamires, acionaram a polícia e invadiram o local.

“Acreditamos que foi tudo premeditado. Quando ele apareceu na casa dela para levá-la, a mãe dela quis ir junto, mas ele disse: 'melhor a senhora ficar'. Mais tarde, por volta das 22h, ele ligou para ela e pediu que fosse o mais rápido possível para o local, pois Tamires estaria 'tentando matá-lo com uma faca e teria tentado atear fogo na casa”, contou a prima. 

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi acionado para a ocorrência, mas, ao chegar na residência, Tamires já estava morta. Segundo a familiar, a polícia teria chegado pouco tempo depois do chamado e prendeu Cleber José dos Santos em flagrante. Ele foi autuado por feminicídio. 

Onde buscar ajuda

A Lei Maria da Penha estabelece que todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado por meio de inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público.

A violência contra a mulher pode ser manifestada das formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

Em todos os casos, lembre-se que você não está sozinha e pode fazer a denúncia de diversas formas. 

Veja como e onde receber acolhimento em caso de violência doméstica em Pernambuco:

Ligue de forma gratuita para o 190: Polícia Militar de Pernambuco (PMPE). O serviço é disponível 24h por dia, todos os dias. 

Ligue de forma gratuita para o 180: Central de Atendimento à Mulher. O serviço do Governo Federal fica disponível 24h por dia, todos os dias, e recebe ligações de todos os lugares do Brasil. Ele registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes.

Ligue de forma gratuita para o 0800.281.81.87: Ouvidoria da Mulher de PE. O serviço funciona até às 20h, depois desse horário é recomendado ligar para o 190. 

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) dispõe de 15 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM). Algumas delas funcionam 24h por dia. Confira as unidades:

Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM)

- Recife (1ª Delegacia de Policia da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Rua do Pombal, s/n, Praça do Campo, Santo Amaro.
Telefone: (81) 3184.3356 / 3184.3352

- Jaboatão dos Guararapes (2ª Delegacia de Policia da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Rua Estrada da Batalha, s/n, Prazeres - 6º Batalhão.
Telefone: (81) 3184.3444 / 3184.7198.

- Petrolina (3ª Delegacia de Policia da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Avenida das Nações, nº 220, Centro.
Telefone: (87) 3866.6625

- Caruaru (4ª Delegacia Especializada da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Rua Dalton Santos, nº 115, São Francisco.
Telefone: (81) 3719.9107 / 3719.9106

- Paulista (5ª Delegacia de Policia da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Praça Frederico Lundgren, s/n, Centro
Telefone: (81) 3184.7075 / 3184.7077

- Cabo de Santo Agostinho (14ª Delegacia de Policia da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Av. Conde da Boa Vista (antiga BR 101), S/N, Pontezinha.
Telefone: (81) 3184.3414 / 3184.3413

- Olinda (15ª Delegacia Especializada da Mulher) PLANTÃO 24H
Endereço: Avenida Governador Carlos de Lima Cavalcanti, 2405 - Casa Caiada.
Telefone: (81) 98663.6677

- Surubim (7ª Delegacia de Policia da Mulher)
Endereço: Rua Santos Dumont, nº 85, Oscar Loureiro.
Telefone: (81) 3624.1983 / 3624.1984

- Goiana (8ª Delegacia de Policia da Mulher)
Endereço: Rua 65, Loteamento Carvalho Feitosa, s/n, Centro.
Telefone: (81) 3626.8510

- Garanhuns (9ª Delegacia de Policia da Mulher)
Endereço: Avenida Frei Caneca, nº 460, Centro.
Telefone: (87) 3761.8510/ (87) 3761.8507

- Vitória de Santo Antão (10ª Delegacia de Policia da Mulher)
Endereço: Av. Henrique de Holanda, nº 1333, Redenção.
Telefone: (81) 3526.8789 / 3526.8928

- Salgueiro (11ª Delegacia Especializada da Mulher)
Endereço: Rua Antônio Figueiredo Sampaio, 93, no bairro Nossa Senhora das Graças.

- Afogados da Ingazeira (13ª Delegacia de Policia da Mulher)
Endereço: R. Valdevino J. Praxedes, s/n, bairro Manoela Valadares
Telefone: (87) 3838.8713 / (87) 3838.8782

- Palmares (16ª Delegacia Especializada da Mulher)
Endereço: R. Cap. Pedro Ivo, 590 - Centro, Palmares

- Arcoverde (17ª Delegacia Especializada da Mulher)
Endereço: Rua Augusto Cavalcanti, 276 Centro da Cidade
Telefone: (87) 98877-2210

Serviços no Recife

A Prefeitura do Recife disponibiliza alguns serviços voltados para as mulheres vítimas de violência doméstica.

Centro de Referência Clarice Lispector 

O local funciona 24h, todos os dias da semana, e conta com espaço para o abrigamento emergencial de usuárias em atendimento, acompanhadas ou não de filhos.

Endereço: Rua Doutor Silva Ferreira, 122, em Santo Amaro.

Serviço Especializado e Regionalizado - SER Clarice Lispector

O local acolhe mulheres em situação de violência, por meio de uma equipe multidisciplinar formada por duas assistentes sociais, duas advogadas, duas psicólogas e duas educadoras.

Endereço: Avenida Recife, nº 700, Areias.

Atendimento: 7h às 19h, de segunda a domingo 

Salas da Mulher

As Salas da Mulher de cada Compaz são responsáveis pelo primeiro acolhimento das cidadãs.

Unidades do Compaz: Eduardo Campos (Alto Santa Terezinha), Ariano Suassuna (Cordeiro), Miguel Arraes (Praça Caxangá), Dom Hélder Câmara (Coque) e o recém-inaugurado Paulo Freire (Ibura). 

Plantão WhatsApp (24 horas) para casos de violência doméstica: (81) 99488.6138