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No Dia do Samba, os números mostram que o gênero conquista cada vez mais espaços

'Mas é mais do que o lifestyle boteco, cerveja e alegria', diz Mateus Professor, um dos fundadores da Poeira Pura, uma das rodas que lotam comprovando o sucesso da batucada

Os cantores Pretinho da Serrinha (E), Marina íris (C) e Mateus Professor (D) - Redes Sociais/Reprodução

O pedido final para não deixar o samba morrer, escrito por Edson Conceição e Aloísio Silva, e eternizado na voz de Alcione, tem sido respeitado.

Na boca do povo, pelas ruas, por eventos e festivais, o gênero tem marcado presença e se mostrado bem vivo.

Segundo a Secretaria Municipal de Cultura do Rio, este ano, foram registradas 150 rodas de samba em espaços públicos, um aumento significativo desde 2021, quando foram mapeadas 95.

Com diferentes formatos e para todo gosto, o samba tem se mostrado atual e diverso, com exemplos como rodas apenas de samba-enredo, rodas para o público LGBTQIA+ e outras.

Pretinho da Serrinha, que toda quinta-feira tem lotado a Arena Jockey, na Gávea, Zona Sul do Rio, celebra esse crescimento, mas faz um adendo:

"O samba é adaptável, você faz em qualquer lugar, a hora que quiser, e tem a possibilidade de misturar os públicos, mas respeitando a música. O ponto principal é a qualidade. Não é apenas juntar o pessoal, botar os instrumentos e fazer qualquer coisa achando que é samba"

Já Mateus Professor destaca os valores que o gênero carrega como forte manifestação da cultura negra.

"A roda de samba é uma experiência ancestral poderosa e prazerosa" afirma o músico, um dos fundadores da roda Poeira Pura, que atrai centenas de pessoas todas as sextas-feiras na Casa Savana, no Centro do Rio, e se apresenta mensalmente em Belo Horizonte, São Paulo e Bahia.

"O samba oferece horas de evento, além das possibilidades de trocas, flerte, conversas"

A visibilidade que o gênero ganhou nos últimos anos fez com que até festivais abrissem espaço para novos artistas e para os mais antigos.

No Rock in Rio 2024, por exemplo, a batucada tomou conta dos palcos, assim como no Rock the Mountain. No entanto, artistas ressaltam que é preciso mais valorização.

"Ainda há um desequilíbrio em relação aos outros gêneros. E as condições que oferecem, às vezes, fazem com que o sambista não se sinta valorizado" afirma a cantora e compositora Marina Íris.

A opinião é compartilhada por Mateus.

"O samba é um movimento muito maltratado e sempre visto como algo menor. Poucas pessoas estão preocupadas em ouvir o sambista, porque existe a ideia atrelada ao divertimento. Mas é mais do que o lifestyle “boteco, cerveja e alegria”" diz.

"Sambista também sente raiva, tristeza, medo e desmotivação"

Partindo da máxima de que “o samba cura”, Mateus reflete:

"É uma cura, mas não é uma cura qualquer. O samba te dá esperança, direção"