ESTADOS UNIDOS

Caravana parte do México na tentativa de entrar nos EUA antes que Donald Trump assuma presidência

Número de migrantes encontrados sem documentos na fronteira caíram de 250 mil em dezembro passado para quase 54 mil em setembro deste ano, segundo dados oficiais

Caravana parte do México na tentativa de entrar nos EUA antes que Donald Trump assuma presidência - Isaac Guzman/AFP

Uma nova caravana de migrantes partiu nesta segunda-feira do sul do México com destino aos Estados Unidos na esperança de chegar ao norte do país antes que o republicano Donald Trump assuma a presidência. A coluna avançou da cidade de Tapachula, no estado de Chiapas, na fronteira com a Guatemala, pouco antes do amanhecer para se dirigir à rodovia.

“Temos que acelerar o ritmo, não sabemos que medidas ele [Trump] vai tomar”, disse à AFP o venezuelano Alexander Altuve, de 38 anos.

Trump, vencedor das eleições presidenciais de 5 de novembro, planeja declarar o estado de emergência nos Estados Unidos e apelar ao exército para realizar "a maior operação de deportação" quando tomar posse, em 20 de janeiro. A caravana, que é a terceira desde as eleições nos Estados Unidos, é composta principalmente por venezuelanos, a maioria jovens, além de famílias com filhos pequenos.

 

“Decidimos caminhar porque em nosso país a situação é muito, muito crítica […] Decidimos fazer esta caminhada para buscar um futuro melhor”, comentou José Luis Fernández, um cubano de 35 anos.

Trump chama a entrada de migrantes sem visto de “invasão” e ameaça aplicar tarifas de 25% às importações mexicanas se o governo não conter a chegada de estrangeiros sem documentos. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, conversou por telefone com Trump na última quarta-feira para explicar a estratégia do México para enfrentar o fenômeno migratório e a luta contra as drogas.

Durante a ligação, a presidente disse a Trump que as caravanas não chegam mais à fronteira graças à ação das autoridades mexicanas. Os migrantes costumam organizar estas mobilizações para pressionar a entrega de passagens seguras que lhes permitam avançar por conta própria em território mexicano, sem medo de serem deportados.

Embora Trump e Sheinbaum se declarassem satisfeitos com a conversa, surgiram divergências, porque enquanto o americano garantia que o México fecharia a sua fronteira, a presidente mexicana negou ter assumido tal compromisso.

O México é o principal parceiro comercial dos Estados Unidos, para onde envia pouco mais de 80% das suas exportações. Diante do endurecimento das políticas de imigração, das ameaças de Trump e dos riscos de travessia clandestina, os migrantes procuram entrar nos Estados Unidos através de um agendamento com o aplicativo CBP One, que lhes permite solicitar formalmente asilo.

O número de migrantes encontrados sem documentos na fronteira caíram de 250 mil em dezembro passado para quase 54 mil em setembro deste ano, segundo dados oficiais dos EUA.