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"Baile do Marley - Vol. 1": álbum agita a cena brega funk com reunião de MCs

O álbum, produzido por Marley No Beat e Tom BC, traz seis MCS do gênero em 10 faixas inéditas

Marley No Beat produziu o álbum, junto a Tom BC - @quemwill/Divulgação

Em mais uma empreitada que fortalece o movimento brega funk, a produtora A Mais de Mil lançou, no mês de novembro, o “Baile do Marley - Vol. 1”, álbum que reúne seis MCs pernambucanos, em dez músicas inéditas, com produção de Marley No Beat e Tom BC.

Cantando algumas faixas solo e feats, estão participando deste primeiro volume: MC Fantaxma, Rayssa Dias, MC Draak, Gui da Tropa, AMun-há e MC CH da Z.O. O álbum conta com parceria da distribuidora digital OneRPM.

O “Baile do Marley - Vol. 1” faz parte do projeto “A mais de mil: produzindo música com responsabilidade social”, primeiro do gênero brega funk a ser contemplado no Sistema de Incentivo à Cultura do Recife - SIC Recife.

O álbum
“O Baile do Marley começou com a festa que a gente fazia no [bar] Estelita. A gente convidava esses artistas que a gente tinha amizade e colocava no line-up”, relembra Marley No Beat, produtor de brega funk e nome à frente do projeto, junto a Tom BC. “Depois, tivemos a oportunidade de fazer essa festa no palco, que foi no Porto Musical, em  2022”, destaca.

“Pensando naqueles modelos de coletânea, que tem volumes 1, 2, 3… pensamos também em fazer o álbum ‘Baile do Marley’, pra ter não somente a festa, mas ter o baile em todas as redes de streaming”, explica.

As gravações aconteceram na produtora A Mais de Mil, que fica no Alto do Mandu, Zona Norte do Recife. Marley conta que as músicas do álbum foram criadas em estúdio: os MCs chegavam com as letras, esboços de ideias, que iam sendo desenvolvidas durante o processo, com a criação dos beats e fechamento das letras.

Responsabilidade social
O projeto “A Mais de Mil: produzindo música com responsabilidade social”, aprovado no SIC Recife, contemplou, além da produção do álbum “Baile do Marley”, a manutenção da produtora por cerca de um ano.

O lançamento do álbum também procurou envolver a sustentabilidade, empoderamento e independência da cena e dos artistas que participaram. Foram realizadas, no mês de setembro, oficinas com os MCs que participaram do álbum.

Foram oferecidas oficinas de áudio, técnica vocal, distribuição digital e produção musical, sob orientação de profissionais das áreas, como Vinicius Aquino, Surama Ramos, Jéssica de Brito (OneRPM) e os próprios Marley e Tom.

“Para a galera que trabalha com música ter o conhecimento mínimo. Se não tiver, não tem problema, a galera faz música do mesmo jeito, mas é com conhecimento e o talento que você pode chegar e fazer coisas que você nem imaginava que conseguiria”, diz Marley.

Brega funk a mais de mil
O gênero brega funk, assim como o samba, tem seu nascedouro na periferia e, em sua maioria, pessoas pretas como artífices. No caso do brega funk, a periferia recifense. E assim como o samba nos idos do seu surgimento, tem sobre si estigmas e preconceitos.

Mas, ainda assim, nos últimos anos – mais especificamente de 2018 para cá – o brega funk vem conseguindo ultrapassar barreiras e consolidar seu espaço no arcabouço cultural do estado.

“Acho que em 2018, com o movimento do Passinho, começou esse crescimento do brega funk. O trabalho que a gente fez nessa época foi essencial para quebrar essas barreiras. O brega funk ficou conhecido nacionalmente e agora tá tocando na Europa, tá aprovando projeto em lei de incentivo, virou Patrimônio cultural”, classifica Marley.

A despeito de preconceitos que ainda existem, Marley – que já foi roqueiro antes de se envolver no brega funk - confia no trabalho que é feito pelos DJs, produtores e MCs e ainda imagina: “acho que um dia, talvez, o brega funk seja como samba”, uma paixão nacional.