Notre-Dame de Paris reabre as portas no sábado após grande restauração
A catedral passou por uma exaustiva restauração de cinco anos
A catedral de Notre-Dame de Paris reabre as portas ao público no próximo fim de semana, após uma exaustiva restauração de cinco anos, com um espetáculo musical no sábado (7) e uma missa solene no domingo (8).
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, estarão presentes na cerimônia histórica, enquanto o papa Francisco optou por um congresso religioso na ilha da Córsega no dia 15.
É a primeira viagem de Trump ao exterior desde sua vitória eleitoral.
A reabertura da Notre-Dame, cujo telhado pegou fogo e desabou em 15 de abril de 2019, era um objetivo pessoal do presidente Emmanuel Macron, que está em uma situação política difícil.
O governo espera a presença de cerca de 100 dignitários de todo o mundo.
A reabertura será marcada por um show musical, mais popular, e a cerimônia estritamente religiosa.
O maestro venezuelano Gustavo Dudamel e o pianista chinês Lang Lang estão entre os protagonistas do concerto de gala na noite de sábado, a partir das 20H05 GMT (17H05 de Brasília).
No âmbito da música pop, a estrela franco-beninense Angélique Kidjo e o cantor canadense Garou estarão entre os participantes.
Um máximo de 3.000 convidados poderão entrar na esplanada diante da fachada da catedral, onde acontecerá o evento musical.
Missa especial para latinos
Quando as chamas destruíram uma das maiores catedrais do Ocidente, que integra a lista de patrimônio mundial da Unesco, o sentimento de pesar foi mundial, mas a mobilização também foi grande.
As doações chegaram imediatamente e o resultado foi uma renovação minuciosa, que deixou imaculadamente brancas as paredes do templo, de mais de 800 anos, e recuperou a luminosidade dos vitrais em forma de rosácea.
Sob o teto de chumbo, onde o incêndio começou, Notre-Dame recuperou sua "floresta", a estrutura de vigas e suportes de carvalho maciço cuja construção lendária aconteceu na Idade Média.
Centenas de artesãos e 250 empresas participaram nas obras, com um custo de quase 700 milhões de euros (770 milhões de dólares, 4,6 bilhões de reais).
O órgão, com três séculos de idade, foi desmontado e totalmente restaurado. Durante as últimas semanas, ajustes foram feitos para que recuperasse seu timbre original.
Um dos grandes símbolos da catedral, a agulha de 93 metros que coroa o telhado, com um galo empoleirado na ponta, já pode ser contemplada há várias semanas, assim como os sinos, que voltaram a tocar em 8 de novembro.
A agulha é uma das contribuições do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, o grande renovador de Notre-Dame no século XIX, também autor das famosas quimeras em forma de monstros e animais fantásticos da fachada, que foram limpas e restauradas.
Todas as capelas do templo estão prontas para receber os visitantes, incluindo aquela em que foi consagrada em 1949 à Virgem de Guadalupe.
Uma missa especial para a comunidade latino-americana está programada para 12 de dezembro, dia da Virgem.
Além disso, os amantes da música clássica e religiosa em Paris poderão aproveitar um calendário de concertos excepcionais ao longo de dezembro.
Notre-Dame tem três coros e o sentimento é de impaciência, revelou à AFP Émilie Fleury, diretora dos grupos de crianças e jovens. "Isso marcará suas vidas para sempre", declarou.
Mobiliário novo
A missa das 9H30 GMT (6H30 de Brasília) de domingo será celebrada na presença de 170 bispos e dos padres das 106 paróquias de Paris.
Durante a tarde será celebrada a primeira missa para o público, e os ingressos já estão esgotados.
A catedral gótica mais famosa do mundo recebia quase 12 milhões de visitantes por ano pouco antes do incêndio. A arquidiocese de Paris acredita que o número pode aumentar rapidamente.
A obra pública não foi apenas uma tarefa de restauração.
As autoridades eclesiásticas optaram por renovar totalmente elementos cruciais do mobiliário. As quase 1.500 cadeiras da nave são novas, assim como o relicário, uma criação ousada em forma de disco redondo dourado, e o vestuário dos oficiantes, encomendado ao estilista Jean-Charles de Castelbajac.