Parassonia: entenda o distúrbio do sono que absolveu agressor de paisagista
Elaine Caparroz foi espancada durante quatro horas dentro de seu apartamento em 2019
A Justiça do Rio considerou inimputável Vinícius Batista Serra, acusado de tentativa de homicídio e feminicídio contra a paisagista Elaine Caparroz. O crime aconteceu em 2019 e no entendimento do desembargador Joaquim Domingos, da 7ª Câmara Criminal, o acusado não pode ser responsabilizado pelo crime, porque cometeu as agressões devido a comportamentos violentos causados por distúrbios do sono.
A defesa do réu disse que Vinícius sofre de parassonia, eventos indesejáveis que ocorrem durante o sono ou na transição do sono para a vigília ou vice-versa. Esse transtorno consiste em falar (muitas vezes de maneira profana) e às vezes fazer movimentos agressivos durante a fase de sono com movimento rápido dos olhos (REM), geralmente em resposta a um sonho.
O comportamento é considerado como um evento psicológico anormal. O sonambulismo, terrores noturnos, bruxismo, pesadelos e transtornos de movimento, são exemplos de parassonias que devem ser tratadas de forma específica, caso condicionem a vida da pessoa. Quando acontece em adultos podem ser sinal de que a pessoa vive um problema ou insegurança. As que são mais duradouras, persistindo durante anos, podem estar associadas ainda estresse ou ansiedade.
Segundo especialistas, o tratamento é indicado se a parassonia causar lesão ao paciente ou companheiro, ou se o sono for perturbado significativamente. E depende do tipo de parassonia, o que inclui: tranquilização, modificação do ambiente de sono, terapia cognitiva e farmacoterapia.
A decisão da justiça no caso de Vinícius determina também que o acusado prossiga com um tratamento ambulatorial, indo a uma unidade de saúde uma vez por mês e tomando remédios para sua doença. Diz também que seu caso poderá ser reavaliado. Dependendo do resultado, ele poderá ser internado em uma unidade psiquiátrica.
A paisagista Elaine Caparroz foi espancada durante cerca de quatro horas num fim de semana, no apartamento onde mora, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, Elaine foi internada em uma unidade de saúde da Zona Norte em estado crítico, chegando a apresentar problemas no funcionamento renal.
O médico comentou na época que a paisagista sofreu um descolamento de retina na vista esquerda. Por causa do inchaço no rosto, principalmente nas pálpebras, ela tinha dificuldades para abrir os olhos.
Vinícius foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio tentado. Os policiais relataram que, ao fazer a prisão do acusado, encontraram a vítima gravemente ferida, constatando sangue em diversos cômodos do apartamento. Já o segurança do condomínio contou ter acionado a polícia e que Vinicius foi detido na portaria do prédio, com as roupas manchadas de sangue.
Vinícius também não vai precisar pagar a indenização de R$ 100 mil pedida pela vítima. A advogada que representa a paisagista disse que vai recorrer.