Tudo que se sabe até agora sobre a doença misteriosa que matou 143 pessoas no Congo
Mulheres e crianças são as mais seriamente afetadas pelo surto
Autoridades locais confirmaram que uma doença desconhecida deixou 143 mortos ao longo de novembro na província de Kwango, no Sudoeste da República Democrática do Congo (RDC). As informações são da agência de notícias Reuters.
De acordo com a agência, Remy Saki, vice-governador da província, e Apollinaire Yumba, ministro provincial da Saúde, afirmaram nesta segunda-feira que as vítimas apresentaram sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre alta e fortes dores de cabeça. Muitas morreram em suas próprias casas por falta de tratamento.
As autoridades afirmaram ainda que uma equipe médica foi enviada ao local mais afetado para coletar amostras. Nesta terça-feira, um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse à Reuters que o órgão foi alertado sobre a doença na última semana e que trabalha em conjunto com o Ministério da Saúde da RDC nas investigações.
Cephorien Manzanza, uma liderança local, falou à agência que a situação é extremamente preocupante porque o número de infectados continua a aumentar. Citou ainda que a região é uma área rural e, portanto, "há um problema com o fornecimento de medicamentos".
Segundo um epidemiologista local disse à Reuters, mulheres e crianças são as mais seriamente afetadas pelo surto da doença misteriosa.
País também enfrenta surto de mpox
Além da doença desconhecida, a RDC também é o epicentro do atual surto de mpox que levou a OMS a decretar emergência de saúde pública de importância internacional, o status mais alto de alerta do órgão, em agosto.
De acordo com a última atualização da OMS, neste ano o país registrou sozinho mais de 39 mil casos e mil mortes pela doença. Para comparação, os números representam a vasta maioria do identificado em todo o continente africano, que não chega a 50 mil.
A explosão de casos na RDC, a expansão da mpox para novos países e a identificação de uma nova versão da cepa mais letal do vírus, chamada de Clado 1b, que passou a se disseminar por vias sexuais, foram os motivos que levaram a OMS a decretar emergência.
No final de novembro, o Comitê de Emergência do órgão se reuniu para reavaliar a medida e indicou que ainda não é o momento de encerrar o alerta. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, seguiu a orientação e manteve a emergência.
Na decisão, Tedros destacou o número ainda crescente dos casos de mpox e a contínua disseminação geográfica do vírus. Diversos países, como Burundi, Quênia, Ruanda, Uganda, Zâmbia e Zimbábue, que não tinham relatos da mpox, registraram diagnósticos da infecção viral pela primeira vez.
Além disso, o diretor-geral da OMS mencionou os desafios operacionais no combate à doença e a necessidade de montar e manter uma resposta coesa entre países e parceiros.