2025, estamos aqui
Dentro de poucos dias, um peculiar novo ano assumirá o posto de referência no calendário oficial da humanidade. Ele terá a missão de completar o ciclo do primeiro quarto (¼) do século XXI.
A expectativa é grande. Para a geração atual, será um privilégio participar do vigésimo quinto ano do século XXI. Um ano bonito e estratégico. Portanto, na razão e medida dos acontecimentos, temos que nos empenhar, com força e alma, nas atividades de rotina e naquelas que agregam valor à qualidade de vida da sociedade, bem como na defesa da democracia.
De antemão, é bom saber, e está claro, que o mundo atual não vive um bom momento. Há um século, no ano similar ao porvir, 1925, ao final do primeiro quarto do século XX, o mundo também não vivia um bom momento, apesar de sacudido por uma avalanche de transformações modernas nos modos da vida social, material, econômica, política e da arte.
O período sofria perturbações em consequência da Primeira Guerra Mundial, um conflito inadequadamente resolvido.
Neste instante, estamos de prontidão finalizando 2024, tendo em vista 2025. Em nossas ações predomina a busca por estabilidade e equilíbrio para que o Brasil conclua, da melhor maneira, o presente ano, após termos superado, nos anteriores, monstruosos obstáculos, entre eles a Pandemia, a tentativa da abolição violenta do Estado Democrático de Direito (golpismos) e os efeitos do desequilíbrio climático.
Se isso são os ossos do ofício, é importante você saber, 2025, e aqui ficamos ao seu dispor, que, em situações necessárias e críticas, entramos em campo, com denodo, para atenuar e corrigir os problemas corriqueiros e, mesmo a contragosto, para enfrentar, com êxito, as atitudes desastrosas de indivíduos propensos a infernizar a nação mediante retrocessos e destruições.
Uma coisa parece indiscutível, é o aprimoramento civilizatório (convivência x maneira x hábito) que progrediu nos últimos dois anos. A nossa dinâmica social está mais saudável e tranquila. Acredite, 2025, temos que continuar esse avanço. Trata-se de um compromisso sério, pois muita coisa evoluiu positivamente.
Cá entre nós, sem segredo: veja como cessaram as frequentes e abusivas agressões às instituições públicas e privadas nacionais e aos colaboradores delas, com foco em determinados agentes políticos e do judiciário e dos meios cultural e ambiental. Alguém duvida que uma postura e um comportamento mais civilizado e transparente ampliam o nível de consciência, de confiança e de comprometimento no exercício da cidadania?
Vale observar, com isenção, que a caminhada dos brasileiros está mais humanizada, mais fraterna e com mais diálogo, apesar das nossas imperfeições naturais. Todavia, todo cuidado vale a pena na trajetória a seguir, 2025. Não vacile, saiba que ela deve ocorrer “sem anistia”, que deve ser evitada, para não dar oportunidade a uma logística reversa perigosa, com o ressurgimento de grupos infratores que já foram coerentemente enquadrados pela justiça e pela opinião pública. Palavras de Sancho Pança, que convêm, conforme as circunstâncias: “Cada um é como Deus o fez, e ainda muitas vezes pior” (Dom Quixote, cap. IV, II parte).
Assim, eliminada toda e qualquer possibilidade de revivermos o fantasma do regime autoritário de 64, como tentou uma insensata minoria inconfiável da República, fato profundamente demonstrado, uma coisa boa está acontecendo, graças à democracia, felizmente salva do 8/1/2023: é que as principais salas de cinema do Brasil estão exibindo o filme Ainda Estou Aqui, do cineasta Walter Salles, baseado em um episódio verídico, de uma “página infeliz da nossa História”, durante a Ditadura Militar, no Rio de Janeiro, onde o seio de uma família foi violentamente atingido (a base é o livro Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva, memórias, editora Alfaguara, 2015).
Em cartaz, Ainda Estou Aqui escala como protagonistas a atriz Fernanda Torres, no papel de Eunice Paiva, e o ator Selton Mello, no papel de Rubens Paiva, com participação especial, subliminar, da atriz Fernanda Montenegro (que, na realidade, é a mãe legítima de Fernanda Torres), no papel de Eunice Paiva em idade avançada. O impacto da estreia o situou como a mais nova obra de arte ímpar da cinematografia nacional. O enredo, a trilha sonora e a interpretação dos atores e atrizes conquistam absolutamente a plateia, em boa parte formada pela geração contemporânea aos fatos ocorridos. Assisti-lo foi uma experiência notável, ademais, por perceber, ao término da exibição do filme, na saída da sala de projeções, as pessoas entreolhando-se e sussurrando comentários, num cenário edificante.
No recente 81.º Festival Internacional de Cinema de Veneza, Ainda Estou Aqui ganhou o prêmio Osella de Ouro, na categoria de Melhor Roteiro (de Murilo Hauser e Heitor Lorega), em 07/09/2024. A repercussão dos aplausos ao vencedor ajudou a película de Walter Salles a se posicionar em condições de ser laureada na próxima edição do Oscar, da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana. Existe um reconhecimento crescente sobre o longa-metragem brasileiro, de vários cantos e lados, da crítica especializada e de cinéfilos; mas isto é um tema para 2025.
Querido novo ano, seja bem-vindo, com a democracia à frente!
* Administrador de empresas (UFPE) e cervantista
f.dacal@hotmail.com
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