Cresce a cobertura de 15 vacinas do calendário infantil, diz Ministério da Saúde; catapora é exceção
Doses como a que protege contra o sarampo voltaram a atingir meta de 95% depois de cinco anos
A cobertura de 15 das 16 vacinas que fazem parte do calendário infantil no Brasil cresceu em 2024, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira. Os dados, de até novembro, mostram que a única dose que não apresentou melhora foi a contra o vírus varicela-zóster, que causa a catapora. Além disso, pela primeira vez desde 2018 alguns imunizantes voltaram a bater a meta de 95%.
De acordo com a pasta, o aumento médio da cobertura em 2024 chegou a ser de 17 pontos percentuais em relação ao registrado dois anos antes, em 2022. Em comparação com 2023, 12 vacinas já ultrapassaram a cobertura antes do ano acabar. Até o momento as três principais imunizações estão acima de 90% de cobertura, algo que não foi observado em nenhuma dose no ano passado.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destaca que a vacinação foi considerada uma prioridade do novo governo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lembra que o avanço nos indicadores permitiu que o Brasil recuperasse o certificado de eliminação do sarampo em novembro. A certificação, que havia sida obtida em 2016, foi perdida em 2019.
— Em menos de dois anos, estamos felizes não apenas pelo crescimento em 15 das 16 vacinas infantis, como também por já termos superado as metas em três delas: na BCG, no reforço da Pólio e na primeira dose de Tríplice viral. Aliás, por causa do sucesso com a tríplice, recuperamos o certificado da OMS de País Livre do Sarampo e da Rubéola — afirma.
A primeira dose da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, cresceu em dois anos de 80,7% para 96,3%. Com isso, bateu a meta de 95%, algo que não acontecia desde 2016, segundo os dados do DataSUS. O reforço contra a pólio indicado a crianças de um ano, que estava em 67,7%, também cresceu e alcançou o objetivo preconizado pela pasta.
A vacina BCG, que protege os recém-nascidos de formas graves de tuberculose, tem uma meta diferente, de 90% de cobertura. O número chegou a ser conquistado em 2022, porém o percentual caiu no ano passado para 83,6%. Agora, subiu novamente e chegou a quase 92%, algo que não acontecia desde 2018.
Em relação à dose da catapora, única que não apresentou avanço no período de dois anos, o Ministério da Saúde diz que o motivo foi a “instabilidade do fornecimento pelos laboratórios fabricantes desde o início de 2022" e que já fez um novo contrato com três fornecedores para normalizar a distribuição nos próximos meses.
"Estão previstas a entrega de 1 milhão de doses até janeiro de 2025 por meio de aquisição internacional. Além desse contrato, foram compradas 5,5 milhões de doses do Instituto Butantan, com previsão de início de entregas em janeiro de 2025”, continua.
Nova campanha de vacinação
Nesta semana, a pasta da Saúde também lança a nova campanha “Vacinação de rotina: vacina é pra toda vida”, focada em dar continuidade ao aumento das coberturas e lembrar as principais doses do calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
De acordo com o ministério, o Brasil possui o maior programa de vacinação do mundo, com mais de 300 milhões de doses aplicadas a cada ano e mais de 30 imunizantes gratuitos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
A campanha atual será dividida em diferentes fases focadas nas imunizações contra coqueluche, que teve uma alta histórica no país em 2024; na poliomielite, cuja baixa cobertura leva ao risco de retorno da paralisia infantil; no sarampo e no tétano. Na terça-feira, a primeira fase, da coqueluche, já foi ao ar.
O ministério lembra que a doença bacteriana começa como um resfriado comum, com febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca, mas que gradualmente a tosse se torna mais intensa, podendo causar vômito e dificuldade de respirar.
“Justamente por isso, crianças menores de seis meses são mais propensas a formas graves da doença, que podem evoluir para pneumonia, parada respiratória, convulsões e desidratação. Em 2024, o Brasil já registrou 13 óbitos pela doença, todos em crianças menores de um ano de idade”, diz a pasta.
A vacina é oferecida para crianças a partir de 2 meses de vida até menores de 7 anos, gestantes, puérperas (até 45 dias pós-parto) não vacinadas durante o período gestacional e para grupos prioritários: profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde.
Para crianças menores de 7 anos, são feitas três doses da vacina pentavalente (aos 2, 4 e 6 meses de vida), com intervalo de 60 dias entre as doses. Dois reforços estão recomendados aos 15 meses e aos 4 anos, com a vacina tríplice bacteriana infantil (DTP).
Para as gestantes, é indicado uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular – tipo adulto (dTpa), a cada gestação, a partir da 20ª semana gestacional, com o objetivo de promover a imunização passiva (passagem de anticorpos por via transplacentária da mãe para o feto) dos recém-nascidos, nos primeiros anos de vida, até que o bebê possa iniciar a sua vacinação.
Para pessoas que apresentam condições clínicas especiais, outras vacinas contra a coqueluche também são disponibilizadas nos Centros de Referências para Imunobiológicos Especiais (CRIE), conforme recomendações do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.