Arnaldo Antunes e Vitor Araújo encerram turnê "Lágrimas no Mar" com show no Teatro do Parque
O show que uniu o multiartista paulistano ao pianista recifense passou por mais de 50 cidades no Brasil, Europa e Estados Unidos
Após quase três anos de uma turnê que passou por mais de 50 cidades no Brasil, Europa e Estados Unidos, Arnaldo Antunes e Vitor Araújo encerram o ciclo de “Lágrimas no Mar” neste sábado (7), com show no Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista.
Os ingressos para o derradeiro show de “Lágrimas no Mar” já estão esgotados há algumas semanas, o que mostra o sucesso dessa junção entre o poeta, cantor, compositor e artista visual paulistano e o pianista recifense.
A turnê de “Lágrimas no Mar” teve início no dia 4 de março de 2022, no Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP), terra de Arnaldo, e se encerra nesta noite no Recife, terra de Vitor.
“Eu tô adorando encerrar a turnê na cidade de Vitor. E a gente lembrou disso, do fato de ela ter começado, de o primeiro show ter sido em São Paulo, e acabou fazendo todo um sentido, de representatividade, de um ciclo do nosso encontro, que rendeu tantos shows, no Brasil e fora do Brasil, rendeu a série ‘Lágrimas no MAM’, o álbum ao vivo… e, enfim, a nossa a nossa afinidade na invenção musical e na linguagem musical de uma maneira geral”, diz Arnaldo.
Começo de tudo
O encontro entre Arnaldo Antunes e Vitor Araújo começou a ser arquitetado em 2019, quando ambos sairiam, a partir do início 2020, com a turnê “O Real Ao Vivo”, baseada no álbum “O Real Resiste”, que Arnaldo havia lançado. Mas… havia uma pandemia no meio do caminho.
O confinamento fez com que a dupla só viesse a estrear tocando junto mais para o fim daquele ano de 2020, em lives. “Era muito frustrante a gente tocar sem público”, lembra Vitor. O entrosamento entre eles, no entanto, foi se estreitando.
Em 2021, então, Arnaldo e Vitor entraram em estúdio e gravaram “Lágrimas no Mar”. O álbum, com nove faixas, apresenta releituras muito interessantes de canções antigas de Arnaldo – como “Longe”, “Fora de Si” –, também uma releitura de “Fim de Festa”, de Itamar Assumpção, e a faixa-título, inédita à época.
Em 2022, mais precisamente em março de 2022, a dupla pegou a estrada (e as pontes aéreas), iniciando a turnê de “Lágrimas no Mar”.
Sucesso de crítica e público, os artistas levaram o show para diversas cidades do Brasil e atravessou fronteiras, com cinco giros internacionais, passando por Portugal, Espanha, Inglaterra, Itália, França e Estados Unidos.
“Lágrimas no Mar Ao Vivo”
Em abril deste ano, mais um registro de Arnaldo e Vitor foi lançado: “Lágrimas no Mar Ao Vivo”. Desta vez, 19 faixas, apresentando a performance da dupla ao vivo.
Neste, um universo mais amplo de músicas de Arnaldo, com canções da época dos Titãs (“O Pulso”, Saia de Mim”), compostas com os Tribalistas (“Vilarejo”, gravada por Marisa Monte), da fase solo de Arnaldo, e de outros autores (como a já citada “Fim de Festa”, e “Como 2 e 2”, de Caetano Veloso).
“O show mudou bastante, desde a estreia, que foi no Sesc Pinheiros, em São Paulo, até agora, que será o último show, no Teatro do Parque, em Recife, o show passou por várias transformações”, destaca Vitor.
“Como só sou eu e Arnaldo no palco, a gente tem, ao mesmo tempo, uma nudez e uma explicitude muito grande do que a gente tá fazendo, mas, também temos uma liberdade muito grande um com o outro (...), então, esse tripo de fluidez fez com que a gente passasse por várias fases”, continua o pianista.
Arnaldo e Vitor
Compartilhando criatividade, inspirações, jeitos de criar e arranjar, “Lágrimas no Mar” propiciou a Arnaldo e Vitor uma verdadeira desconstrução e simbiose das suas artes. A poesia, as canções e o canto de Arnaldo em conjunção com as harmonias, melodias e ritmos (convencionais ou não) extraídos do piano de Vitor resultaram em novas percepções para ambos.
“É como se esse encontro com Vitor me trouxesse uma nova noção de musicalidade. É um show que serve essencialmente às canções, que valoriza as canções”, diz Arnaldo. “Foi uma descoberta cantar só acompanhado do piano, e do piano dele que não é um piano qualquer. É, realmente, uma linguagem comum que a gente desenvolveu junto”, completa.
“Acaba sendo um concerto de piano e voz não apenas sonoramente singular, mas, visualmente único, porque eu acho que essa performance corporal, que tanto eu quanto Arnaldo tem, traz uma verve toda específica pra esse show”, declara Vitor.
“A voz de Arnaldo tem uma quantidade de registros muito ricos. Ele tem um grave, que todo mundo sabe, que é inconfundível. É maravilhoso o desafio de tentar abraçar isso com a sonoridade do piano”, diz Vitor.
Arnaldo, por sua vez, destaca a inventividade que existe no trabalho de Vitor ao piano.
“Os arranjos que ele criou pras canções, que tem uma sacada aí, seja o rock, seja um samba, seja uma música pop, ele tira uma expressividade que acrescenta uma outra dimensão, que é como se fosse uma realização plena daquilo que a canção é, mas, ao mesmo tempo, muito diferente de como ela foi vestida anteriormente”.
Arnaldo confessa que irá sentir saudades desse show, principalmente por ter revelado uma afinidade profunda entre os fazeres artísticos de ambos. “Eu convidei ele [Vitor] pra fazer o show, eu sabia que ia dar uma liga, mas, acho que foi uma descoberta que me surpreendeu ainda mais”.