Após críticas de Lula, ministro diz a aliados ter poder limitado sobre comunicação e mantém rotina
Presidente apontou erros na estratégia do governo para divulgar suas ações
Com o cargo ameaçado após as críticas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva feitas em evento do PT na última sexta-feira, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou a aliados que seguirá tocando normalmente o dia a dia da pasta. Não há previsão de uma conversa com o presidente.
Petistas próximos aos Pimenta argumentam que ele não pode ser vinculado aos problemas apontados pelo presidente porque seu poder à frente da Secom é limitado.
Os principais nomes responsáveis por tocar o dia a dia da comunicação do governo foram indicados por Lula e se reportam diretamente a ele. Esse argumento, segundo aliados, tem sido usado pelo ministro nos bastidores.
Dos seis secretários do ministério, apenas um, Fabricio Carbonel, que cuida dos contratos publicitários, é uma escolha de Pimenta.
O secretário de Imprensa, José Chrispiniano, e de Audiovisual, Ricardo Stuckert, trabalham há mais de uma década com Lula. Os dois têm acesso direto ao presidente a suas ações, em boa parte dos casos, não passam pelo ministro.
Chrispiniano cuida das relações com a imprensa e entre as funções está o agendamento de entrevistas. Na sexta-feira, o presidente disse que suas entrevistas coletivas não têm sido realizadas. Stuckert, além de ser o fotógrafo oficial de Lula, também é responsável pelas postagens em suas redes pessoais.
A Secom também tem influência da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. A secretária de Estratégia Digital e Redes, Brunna Rosa, responsável pelas redes oficiais do governo, é ligada a ela.
Na sexta-feira, o presidente afirmou que o governo e o PT não sabem usar a internet como a extrema direita e que em dois anos nem sequer se conseguiu fazer pesquisas aprofundadas sobre a comunicação digital.
Completam o grupo de secretários: Laércio Portela, de Comunicação Institucional, e João Brant, de Políticas Digitais. O primeiro é um nome escolhido por Lula.
Quando Pimenta ficou à frente do Ministério de Reconstrução do Rio Grande do Sul, entre maio e setembro, foi Portela que assumiu interinamente o comando da Secom. Sua secretaria cuida da relação com os ministérios.
Já Brant foi escolhido pelo ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário. A sua secretaria, responsável por formular políticas públicas na área digital, originalmente seria vinculada ao Ministério das Comunicações, que teria Teixeira como titular.
Na última hora da formação do governo, a pasta foi usada para acomodar Juscelino Filho, representante do União Brasil. Depois disso, o governo decidiu transferir a secretaria para o guarda-chuva da Secom. Procurado, o ministro não quis comentar a sua situação.