PRESIDENTE LULA

Silêncio em reunião e dor de cabeça: como foi o dia de Lula antes da cirurgia de emergência em SP

"Estou com dor de cabeça", reclamou o presidente a um ministro durante a segunda-feira

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Carl de Souza/ AFP

Ministros e auxiliares que estiveram com Lula logo na manhã de segunda-feira estranharam o presidente. Normalmente falante, aparentava estar cansado e indisposto. Não fez brincadeiras com quem esteve no seu gabinete e estava mais calado que o de costume.

A reunião sobre novas regras de governança de estatais, prevista para 9h, começou com quarenta minutos de atraso. Lula participou ao lado de treze ministros. Um deles relatou que o presidente ficou em silêncio a maior parte do tempo, ao contrário do que costuma acontecer. No final, fez ponderações e pedidos.  O encontro se estendeu até 12h19.

 

Após o final do encontro, Lula disse a um auxiliar próximo:

— Estou com dor de cabeça.

Foi almoçar no Palácio da Alvorada, voltou ao Planalto às14h40 e seguia reclamando de dor de cabeça. Foi quando ministros passaram a falar para ele ir ao hospital fazer exames, mas o presidente resistia.

Lula não quis ir ao hospital antes de receber o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Eles trataram no encontro de alternativas para flexibilizar o pagamento de emendas parlamentares frente a decisão de bloqueio de pagamentos do ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após o encontro, Lula saiu do Planalto para ir ao Hospital Sírio Libanês. A ressonância apontou um crescimento da hemorragia no cérebro.

A evolução da hemorragia no cérebro de Lula tinha estabilizado até a véspera do G20, no Rio de Janeiro, com uma leve redução. A equipe médica havia avisado que se o quadro se mantivesse assim, não seria necessário intervenção, mas que, se aumentasse o coágulo, seria necessário drenar para retirar o líquido e reduzir a pressão intracraniana.

Lula deu entrada no Hospital Sirio Libaneis em Brasília 18h e partiu para São Paulo, 22h30. Segundo o boletim, Lula estava com dor de cabeça. "Ressonância magnética mostrou hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19/10", afirma o hospital. Em outubro, Lula caiu no banheiro do Palácio da Alvorada e bateu com a cabeça no chão.

Na unidade de São Paulo do Sírio-Libanês, Lula "foi submetido à craniotomia para drenagem de hematoma". "A cirurgia transcorreu sem intercorrências. No momento, o Presidente encontra-se bem, sob monitorização em leito de UTI", afirma o boletim. Lula foi encaminhado para a UTI após a cirurgia e, segundo auxiliares, tem acordado e voltado a dormir com frequência, como é comum em recuperação de cirurgias.

A cirurgia durou pouco mais de duas horas e iniciou 1h30. Lula já acordou após a cirurgia de emergência na cabeça nesta madrugada e está consciente. O boletim médico informa que o procedimento aconteceu sem "intercorrências".

Alckmin assume agenda
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva internado na UTI para se recuperar da cirurgia no crânio, o vice Geraldo Alckmin cancelou uma agenda que teria no interior de São Paulo e embarcou para Brasília para representar o mandatário em reuniões previstas com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Inicialmente, a informação era que Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, cumpriria a agenda em São Carlos, onde haverá um evento de anúncio de investimentos da companhia aérea Latam na cidade de São Carlos.

Porém, por volta das 7h30, foi decidido que Alckmin assumiria a agenda prevista para Lula com o primeiro-ministro eslovaco. Estão previstos cinco eventos. Às 11h, haverá a recepção a Fico, seguida de reunião bilateral, assinatura de atos, declaração à imprensa e almoço.