OPINIÃO

Agora é oficial

Para abrir os trabalhos, cabe esclarecer: tudo (ou quase tudo) que escrevi neste espaço é verdadeiro – ou presenciei o fato ou está registrado em livros, jornais, revistas etc. Em alguns episódios, coloco uma pitada de sal, uma colherzinha de açúcar ou um pouquinho de pimenta do reino – para melhorar o cheiro ou o sabor ou ambos. Algumas vezes, afirmei o contrário do real – para configurar o absurdo.

Num texto que escrevi sobre a chegada dos malis nas proximidades da América, fui contestado: “os malianos não chegaram ao Brasil”. Não fiz essa afirmação. Antes  do genovês (1) uma expedição vinda de Mali, com 2.000 embarcações (1.000 com pessoas e 1.000 com suprimentos), atracou em ilhas próximas à Norte América.

Certa vez, num dos escritos, falei da minha ascendência escandinava, pela cor dos olhos, pele e cabelos. Uma prima perguntou à mãe se era verdadeiro; a mãe desconhecia “essa origem”. Sempre falei da minha origem ibérica, negra e índia e a ausência a sangue nipônico nas veias. Adquiri as informações com os mais velhos.

Minha mãe dizia que seu avô era negro e morava numa comunidade de ex-escravos; que o pai dela (meu avô) era misturado: pele morena e cabelos lisos. Casou-se com uma loura de olhos claros e os quatro filhos do casal formaram o “quarteto do crioulo doido” – parodiando Stanislaw Ponte Preta. Do lado paterno, o sangue português.

Pois bem, agora é oficial: possuo ascendência europeia, concentrada na Itália (27%) e na Península Ibérica (27%); em percentuais menores estão Europa Ocidental, Sardenha, Leste Europeu, Bálcãs e povo basco, entre a Espanha e a França. A seguir, nas Américas (11%) – Tupi, Amazônia e Patagônia e 9% na África (Oeste, Leste e Senegal). Resumindo: 70% na Europa, 11% nas Américas, 10% no Oriente Médio e Magrebe e 9% na África. Mais internacional, impossível.

Isso não configura especulação, achismo ou fruto da imaginação. De forma resumida, trago à presença de quem lê este textozinho o resumo do meu teste de ancestralidade (mapeamento genético), feito por empresa brasileira, a partir de amostra da minha  saliva.

Como está nos meus objetivos superar a marca do meu pai, que viveu 100 anos e três meses, o resultado poderá ajudar e indicar quais nutrientes e vitaminas o organismo absorve e com quais interage; como o DNA pode influenciar os cuidados com a pele; o que a genética reserva para o futuro, impactos no envelhecimento etc. 

Sabendo por onde passaram meus ancestrais até a chegada deste moreno, reafirmo que sou descendente, sim, de ibéricos, africanos e índios. E o mais importante: sou brasileiro e nordestino, com muito orgulho, com muito amor - per omnia saecula saeculorum (2).  Amém.

(1)    Cristóvão Colombo
(2)    Para todo o sempre

*   Executivo do segmento shopping centers (jcporoca@uol.com.br).

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